Então Deus fez a Luz. E a luz iluminou a Terra, que parecia um imenso aquário. Depois, Ele pintou uma ilhazinha aqui, outra ali, uma montanha lá, outra acolá, planícies, planaltos, desfiladeiros, florestas, cascatas, geleiras… Oh! O mundo estava ficando um “must”! Aí o Criador salpicou de vida as águas, as matas, o espaço… e um certo Jardim. Foi assim que o Éden viu o nascimento do primeiro homem: um cara fortão, barriga de tanquinho e um cérebro com milhões de neurônios… inúteis. O primeiro homem vivia bocejando entediado.
-Vá trepar nas árvores, criatura! – dizia o Criador – Elas estão carregadas de frutas!
Enquanto se espreguiçava na rede, o indolente perguntava na linguagem que seria precursora da “internetês”:
– Ah! Dão? (Tradução: Será que as árvores dão suco gelado com uma pitada de canela em pó, para eu beber?)
-Vá pescar, meu amigo! Os rios fervem de tanto peixe!
-Ah! Dão? (Tradução: Será que os rios dão peixe escabeche com batata “sauté” douradas para eu comer?)
E assim, para cada “Vá…” do Senhor, a resposta, “Ah! Dão?”. Daí o nome Adão, registrado em Cartório Divino e passado a limpo na Bíblia.
 Mas o primeiro homem estava ficando um saco. Passava os dias e as noites balançando-se na rede: pra cá, pra lá, pra cá, pra lá… pensando sabe Deus o quê. Na verdade, Sua Santidade sabia, pois Ele lê pensamentos, até os mais escabrosos.
Em vez de mandar o vadio catar coquinhos, o Criador resolveu dar-lhe uma companheira, através de um processo de clonagem muito primitivo, mas com resultado surpreendente. No começo, tudo bem! Eram só amores. Mas, com o passar do tempo, o gostosão passou a exigir royalties pela costela cedida, como se ele próprio fosse a Mão Santa.
No decorrer dos séculos, muita água passou por baixo da ponte. Mas a descendência masculina não conseguiu se livrar daquele nefasto sentimento de posse, especialmente em alguns países africanos e asiáticos.
Por estas bandas – abaixo da Linha do Equador – a descendência feminina não deixou passar barato. Vingou-se pelas pedras jogadas na Geni e libertou a Amélia, que, enfim, se tornou mulher de verdade. E está abrindo o olho para a grande bobagem que rola por aí, de que eles são de Marte, e elas, de Vênus, só para justificar suas manhas e artimanhas. De quebra, a legião feminina elegeu a TPM como aliada na guerra dos sexos, obrigando o mais forte a reconhecer a própria fraqueza.
Mas nem tudo são flores. Volta e meia, desvairados aprontam, e nem sempre a justa Maria da Penha chega em tempo para a salvação.
De qualquer maneira, há de se comemorar a reviravolta no universo das relações. Hoje, eles e elas andam “juntos misturados”, de mãos dadas – por que não? – buscando ser feliz.
O quê? Você ainda curte uma solidãozinha? Tudo bem! A vida é cheia de altos e baixos… gordos e magros, carecas e cabeludos. Por isso, não desista dos seus sonhos, pois são eles que dão sabor à vida. Como diria o Senhor naqueles velhos tempos, vá até a padaria mais próxima e escolha um bem recheado…