Presidente do STR-BG, Cedenir Postal, fala das prioridades e ações desenvolvidas esse ano e foca o pagamento da safra

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, aponta como uma das prioridades da gestão nesse início de ano a formação de uma comissão interna da uva para auxiliar na resolução de questões da safra, como o pagamento aos produtores. Segundo ele, a safra desse ano promete ser excelente mas há produtores que ainda não receberam o pagamento da safra passada. Cedenir também fala da programação de eventos para 2018, das mudanças estruturais para facilitar o atendimento aos associados e de lutas importantes que a entidade precisa focar no decorrer do ano como é a questão da previdência.

Encontro de Mulheres

Um dos eventos que o Sindicato já tem programado para esse ano é o Encontro de Mulheres, a ser realizado dia 25 de abril. “O evento tem a participação também da Embater e das quatro prefeituras (Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira)”, explica Cedenir Postal. “Nós optamos por realizar esse evento uma vez em cada cidade, com decisão por sorteio. Esse ano foi sorteada Pinto Bandeira, então a organização do evento será conduzida pela comunidade local e as demais ficam com a tarefa de mobilizar a participação. No evento, que acontecerá no CTG de Pinto Bandeira, teremos palestras, almoço, atividades e surpresas. No final do encontro, será feito o sorteio dentre os três municípios para saber em qual será o evento do ano que vem”.
Também já está sendo programada para julho a Festa do Colono e do Motorista, como um evento próprio do Sindicato e não mais terceirizado. Em outubro será comemorado ainda o Dia do Aposentado, procurando congregar a terceira idade com atracões.

Mudanças estruturais

Além da regularização das extensões de base, que está em andamento, explica o presidente, o Sindicato deve apresentar em sua sede algumas mudanças estruturais no primeiro semestre desse ano. “Observamos, por exemplo, que para fazer o ITR era preciso subir escadas até o terceiro andar, o que não é muito confortável em termos de acessibilidades. Então estamos projetando para que todo o atendimento seja feito no andar térreo, temos espaço para isso, inclusive uma sala para eu mesmo poder atender de forma mais dinâmica assuntos que podem ser resolvidos rapidamente, ficando a sala da presidência destinada mais para reuniões. O próprio ITR será feito também no andar térreo”, comenta.

Lutas

Um dos motivos mais importantes para o associado estar vinculado ao sindicato, além dos serviços, explica Cedenir Postal, é a sua luta em defesa dos direitos. “Vamos usar todas as ferramentas possíveis nessa defesa, como já foi feito no passado, por exemplo, quando as mulheres agricultoras não tinham direito a aposentadoria e hoje tem, ou mesmo o profano, o preço mínimo da uva, todas conquistas que vieram através da luta sindical. Agora a grande luta que temos pela frente é quanto à reforma da previdência. Mesmo que digam que os agricultores não serão atingidos, isso é propaganda enganosa, serão atingidos, sim, e muito. Hoje o agricultor, para ter aposentadoria, precisa comprovar 15 anos de atividades, aposentando-se o homem aos 60 anos e a mulher aos 55 anos. Mas querem mudar uma simples palavra na lei, que vai mudar tudo, ou seja: ao invés de 15 anos de comprovação, querem colocar 15 anos de contribuição. Onde está a diferença/ A comprovação pode ser feita pelo talão de agricultor, quando emite uma nota de venda está pagando a contribuição. E o agricultor trabalha com safra, portanto ele vende e contribui. Mas se tiver que ser por contribuição, ele terá que pagar o INSS todos os meses, ou seja, independentemente de ter uma venda ou não naquele mês, ou de a safra ter sido boa ou não. A grande verdade é que hoje ele até paga muitas vezes a mais do que pagaria se fosse contribuição mensal, porque quando a safra é boa, vende mais e contribui mais também. Só que nem sempre isso acontece e aí como vai fazer para contribuir se, digamos, a safra tiver sido muito ruim? Ele não deixou de trabalhar, e vai trabalhar para a safra do ano seguinte, mas só vai receber no ano seguinte, ou seja, não tem como tornar a contribuição um custo mensal”, argumenta Cedenir.

Comissão da uva

Cedenir afirma que a nova diretoria quer formar uma comissão da uva internamente no Sindicato. “Hoje existe a Comissão da Uva, formada por representantes dos diversos sindicatos na região. Ela é importante, mas Bento Gonçalves é um polo bastante representativo da produção de uva então entendemos que o nosso sindicato precisa abordar internamente o assunto com mais foco, por isso a necessidade de uma comissão própria, que depois leva o assunto estudado à comissão intersindical. Hoje vejo, por exemplo, com preocupação a questão do pagamento da safra. Às vezes há cantinas que atrasam o pagamento. Temos agricultores que ainda não receberam o pagamento da safra passada. Nós precisamos trabalhar em conjunto, também com Ibravin, para buscar estabelecer uma regra, uma data limite. Entendemos que existem dificuldades de mercado, 2017 foi um ano difícil, mas é preciso entender que se uma cantina precisa comprar garrafas ou rolhas irá pagar no vencimento ou pagará juros por atraso no pagamento, o que já não acontece nos atrasos de pagamento dos produtores e isso é injusto. A regra precisa mudar para se tornar justa para todos”.

Safra de qualidade

A safra da uva colhida mais cedo começou antes esse ano, mas as que amadurecem no período normal não mudaram, então esse ano a rigor a safra terá um período maior de colheita, explica o presidente. “Em alguns lugares houve muita chuva na última semana, chegando a 200ml, e isso baixou um pouco a graduação em alguns pontos mas de modo geral a safra desse ano promete ser excelente”, projeta.

Estradas

A situação das estradas que dão escoamento para a safra ainda apresenta muitas deficiências, explica Cedenir Postal. “Embora tenha sido feito em dezembro no salão nobre da prefeitura um belíssimo lançamento do programa de manutenção das estradas do interior visando o escoamento da safra, até o momento, e já estamos na segunda metade de janeiro, ainda há muitos problemas, foi feito muito pouco. E nossos produtores precisam urgentemente dessa manutenção das estradas”, finaliza.