O dólar vem sofrendo instabilidade nas últimas semanas. Com isso, muitos produtos acabaram tendo os valores alterados, principalmente pelo fato de quem precisa adquirir matéria prima vinda de outros países. Mas há também quem esteja se beneficiando das alterações, como exportadores e pessoas que trabalham na especulação financeira.

O mercado de Bento Gonçalves não está fora dessa realidade. De acordo com o site comexstat, ligado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, cones de lúpulo, frescos ou secos, triturados ou moídos ou em pellets e lupulina foram mais importados no município. No período de janeiro a setembro, a soma da iguaria atingiu 3.506.530 dólares.

Um desses casos é o da Doppio Malto, cerveja artesenal. A empresa fabrica mais de 10 rótulos da bebida e necessitam importar lúpulo e malte de outros países, como conta um dos sócios, Luis Paulo Guarnieri. “Com a variação do dólar toda a nossa cadeia acaba sofrendo um aumento do custo para a fabricação. O produto é oriundo de fora do Brasil e trazê-lo acabou tendo um custo alto. A empresa segurou ao máximo os custos para não repassar ao consumidor, mas na última semana novos valores foram praticados.

Ainda conforme um dos proprietários da cervejaria bento-gonçalvense, avaliações mensais serão feitas observando custos e alterações do mercado até o fim do ano.

No ramo alimentício, de acordo com presidente do Sindicato da indústria da alimentação de Bento Gonçalves (Sindal-BG), Mauro Gasperin, as empresas tomaram atitudes distintas. “Sabemos de empresas que reduziram sensivelmente alguns preços, ao mesmo tempo em que outras ainda não conseguiram repassar alguns custos. O mercado, como um todo, está vivendo grandes oscilações diante do momento econômico e político” aponta.

Segundo a entidade, para a maioria dos associados, o trigo foi o commoditie que mais teve impacto durante este ano. Os insumos que não tem substitutos estão sofrendo mais com a importação. Outros que tem similares ou substituto no mercado interno ficam competitivos, e passam a ser a alternativa. Ainda de acordo com a entidade, essas oscilações devem se manter até o fim do ano.
Para a economista da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mônica Matia, essa oscilação traz ganhos e perdas. “Ganham os especuladores e os exportadores. Já os importadores pagam mais caro por esses produtos, sejam empresas como pessoas físicas. Há mecanismos de proteção cambial, que em curto prazo não afeta tanto”, explica.

A economista projeta o cenário cambial até o final do ano. “Em termos eleitorais, duas propostas econômicas distintas. A da direita, caso do Bolsonaro, pode trazer estabilidade no câmbio até o final do ano. Na esquerda, do Haddad, em curto prazo, a tendência é de elevação da taxa cambial, devido estar voltado a gastos com projeto sociais. Mas depois, caso vença, uma manifestação trará a estabilidade necessária. O mercado cambial e da bolsa de valores é muito frágil”, explica.

 

 

 

 

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