Pelo menos quatro escolas permanecem em greve em Bento Gonçalves e não há perspectiva de retorno das aulas para os próximos dias. Na maioria delas a paralisação é parcial, exceto na Escola Estadual Mestre Santa Bárbara, onde todos os professores e funcionários aderiram ao movimento.

As informações são do 12º Núcleo do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers Sindicato), que representa a região. No município, a greve já perdura por mais de uma semana.

O órgão informa que a decisão só pode ser revertida após assembleia geral do Sindicato, em Porto Alegre, marcada para o dia 29. Além disso, a categoria espera um posicionamento do Governo Estadual pelo fim do parcelamento dos salários.

De acordo com a diretora-geral do 12º Núcleo do Cpers, Juçara Borges, quem vai decidir pelo fim da greve e as datas de recuperação das aulas é o Governo Estadual, uma vez que depende do pagamento dos salários dos professores para os docentes voltarem às atividades. “Sempre que fizemos greve, recuperamos as aulas, mas enquanto estivermos com os salários parcelados, não faremos recuperação”, salienta.

 

O início da greve

O movimento ganhou força na quinta-feira, dia 14, quando milhares de professores de todo o Rio Grande do Sul protestaram conta o governo de José Ivo Sartori, em Porto Alegre. As exigências da categoria envolvem desde melhores condições até o fim do parcelamento dos salários, praticado pelo Governo a 19 meses consecutivos.

Segundo os boletins da greve divulgados pelo Cpers, as paralisações e protestos da última semana resultaram em uma audiência com o governador Sartori. A nota informa que o encontro mostra que a categoria “está no caminho certo e de que é necessário ampliar a resistência, pois o governo afirma que em setembro as parcelas serão ainda menores do que as pagas em agosto”. O Cpers estima que 70% dos professores estaduais estejam em greve nessa semana.

De acordo com informações do Governo Estadual, em agosto as receitas do Rio Grande do Sul somaram R$ 2,3 bilhões, enquanto as despesas chegaram a R$ 3,3 bi. O chefe da Casa Civil, Fábio Banco, lamentou a crise financeira e afirmou que o Governo seguirá “mantendo todos os esforços possíveis para honrar os compromissos”. Em todo o estado, cerca de 20% das escolas encontram-se em greve geral, enquanto 19% estão em greve parcial.

Protesto dos professores em Bento Gonçalves

Na sexta-feira, 15, os professores das escolas estaduais de Bento Gonçalves, que aderiram ao movimento, se manifestaram em frente ao núcleo do Cpers, no bairro Planalto. Eles carregavam faixas e cartazes contra o Governo Estadual. De acordo com informações do sindicato, o ato começou por volta de 14h e os docentes permaneceram reunidos até às 15h.

Cpers busca mobilização por meio de caravanas

Com o objetivo de divulgar a greve e buscar apoio da classe docente, o Cpers organiza nesta semana as caravanas de mobilização, que estará passando por vários municípios do Rio Grande do Sul. De acordo com roteiro divulgado pelo sindicato, o grupo estará em Bento Gonçalves na sexta-feira, 22.

O roteiro ainda contempla Caxias do Sul, Montenegro, Estrela, Guaporé e Vacaria. De acordo com o Cpers, a meta é “fazer um amplo debate com a categoria e a comunidade escolar sobre o descaso do governo Sartori com os educadores e a educação pública gaúcha, fortalecendo, assim, a greve da categoria e o enfrentamento ao governo”. Os encontros devem ocorrer ao longo da quinta e sexta-feira e contemplar quatro roteiros por dia.