Na vez passada, dizia que o colégio Polivalente protagonizou histórias hilárias, numa época em que parecia haver um vínculo maior entre as pessoas. Tanto é que, quase quarenta anos depois, voltamos a nos encontrar regularmente como se o relógio do tempo tivesse parado. Continuamos as mesmas gurias, só mais açucaradas. Como jovens mães e professoras, aguentávamos o tranco cotidiano, tendo muitas vezes que endurecer. Agora, como avós e aposentadas, relaxamos e curtimos, sem nos prender às obrigações maternas. E, se, volta e meia, cedemos a pequenos caprichos dos baixinhos, tomamos o cuidado para que as provas não sejam esquecidas nos bolsos e periciadas pelos pais.

A questão dos fusquinhas coloridos no pátio da escola que, como disse, foi fruto de um período de vacas gordas da categoria, especialmente àquela ligada ao PREMEN, deu o que falar. Cada cor testemunhou aventuras, com exceção do bege, que infelizmente acabou em desventura. No retorno de um Grenal, numa das curvas da serra, o fusquinha tombou, e seu motorista, um professor de matemática, pegou carona nas asas dos anjos…

Sobre o fusquinha amarelo, já contei há algum tempo, mas para incluir todos nesta retrospectiva, vou repetir. Ao chegar à escola, a professora estacionou seu veículo à beira do “cânion”, hoje aplainado. Para tanto, precisou manobrar e dar ré, a fim de facilitar a saída, hora de tumulto e pressa. Então chegou o meio-dia, e a motorista ligou a chave e acelerou… O amarelinho foi andando – para trás – até despencar ribanceira abaixo. Felizmente, uma árvore centenária abraçou-o no meio da ladeira, e ele ficou suspenso até os bombeiros chegarem…

O fusquinha azul-marinho, zerinho em folha, resolveu empacar, feito mula, na Avenida Planalto. Dois passos e um solavanco, mais dois e outro solavanco, assim por diante. O help veio de um pedestre, bem jovem por sinal, que olhou para dentro e disse: “Se tu baixar o freio de mão, talvez ele ande”. Andou.

Ah! O fusquinha azul-claro, uma lindeza! Sua dona, uma rígida cumpridora das leis de trânsito, que levava tudo ao pé da letra. Nada, mas nada mesmo seria motivo para ela atrasar o fluxo dos veículos ao acender a luz verde do semáforo. Em certa ocasião, sua amiga e caroneira aproveitou para desembarcar no sinal vermelho, mas, ao fechar a porta, a bolsa ficou presa pela alça. Nesse mesmo instante, mudou o sinal. A motorista não quis nem saber. Acelerou arrastando a bolsa e a amiga – que corria desesperada sem largar da tiracolo – só freando em estacionamento permitido.

Deu pra perceber que não éramos os melhores motoristas do mundo, mas nada se compara à desatenção da dona do fusquinha verde-oliva – um 1500 que resolvera roncar mais do que o habitual.

E roncou tanto até que apagou. A professora, expert no assunto, resolveu conferir a engrenagem e abriu o capô. Espantada, a moça gritou:
-Gente, o motor sumiu!