Esse domingo foi um dia muito especial…reunião em família, três horas de terapia, passamento de vergonhas, mudei os móveis da casa de lugar, tomei chimarrão com a vizinha. Também assisti um filme que acabou de chegar na NetFlix: A Felicidade por um Fio. Quando vi o trailer achei que ia chorar muito, ia me sentir nele com uma trilha sonora dramática e tal. Mas não. E isso não quer dizer que não gostei. Achei o filme muito, mas muito topzera das galáxias. Tão rico que achei uns cinco temas importantes para serem abordados.

O filme trata da história de uma mulher negra que cresceu sendo obrigada a alisar o cabelo, usar saltos altíssimos e desconfortáveis, se comportar e ser linda para agradar aos homens ricos e ser atraente sexualmente. Os assuntos são importantes e infelizmente, sempre atuais: respeito pelos outros e respeito por si mesmo. Enquanto a protagonista achava que se respeitava, também achava que era respeitada.

Além de ter drama e comédia na medida certa, o filme mostra como os costumes e o tratamento que herdamos nos moldam. Hoje somos a soma das cinco pessoas com as quais convivemos. Queremos ser as cinco pessoas mais magras da televisão. Sonhamos em ser as cinco pessoas mais ricas de Hollywood. Estamos presos na cultura na qual nascemos e crescemos, convivendo com crenças limitantes, infelicidade com o corpo, almejando ser desejada, tentando erroneamente pregar a igualdade e a aceitação, como se tivéssemos duas viseiras na lateral da cabeça. É difícil mudar, é doloroso! É arriscado expor uma opinião diferente, você pode ser muito criticado. É difícil abandonar crenças e criar novos hábitos.

Enquanto negros forem participação especial ou convidados em filmes, haverá preconceito. Enquanto a história mostrar a socialização de negros entre negros, e brancos entre brancos, haverá preconceito. Quando cessar a luta por respeito e houver CONVIVÊNCIA saudável e respeitosa entre negros, brancos, homossexuais, cabelo liso, nerds, mulheres, homens, mais fortes fisicamente, mais fracos…aí sim, teremos entendido o que é igualdade e respeito!

O filme mostrou que existe um caminho muito próspero e ao mesmo tempo muito obscuro. Enquanto caminhamos para entender e respeitar os outros, acabamos nos perdendo. Perdemos nossa essência, perdemos nossos traços, perdemos nossa alegria. Falo principalmente pelas mulheres. Estamos conquistando cada vez nosso espaço, mas aprendemos a fazer isso do jeito errado.

Alisamos o cabelo porque pixaim não é cabelo. Fizemos milhares de cirurgias até a cara escorrer pelo pescoço (juro que não pensei em ninguém). Mas quando falamos em aceitação, achamos que devemos parar: parar de lavar o cabelo, parar de ir para a academia, parar de se maquiar. Para cada “ai”, surge três “ui”.

Se aceitar é se amar. Isso não quer dizer que você não possa mudar seu corpo. Seu cabelo. Colocar silicone. Se maquiar todos os dias, ou só às vezes. Tudo o que você fizer deve ser feito porque você quer, porque você acha melhor, porque vai se sentir melhor. Entende que aceitação é também mudança? Foco, superação? Mas por si mesma!

Pinte o cabelo, corte, deixe crescer, faça trança, ou não. Engorde, vá para a academia, faça dieta, fique bombada, coma pizza, faça drenagem, engorde de novo. Seja empresária, funcionária, voluntária, ruiva, sei lá! Não somos obrigadas a nada. Precisamos nos amar e nos aceitar, para ter o coração em paz e um sorriso no rosto!