Um povo sem tradição é um povo que traz a alma sem vida. Tudo isto está registrado de uma forma de frutos de uma experiência vivida por todos os que sentem a responsabilidade de conduzir a história. Cabe a cada geração, consciente, a terefa árdua de ser digna de possibilidades autênticas do dia de amanhã, sem esquecer a lição dos que vieram abrindo estradas antes de nós… Tudo isto está presente porque, de ano para ano, somos solicitados a devolver e integrar à tradicional festa em honra ao padroeiro da cidade e do município de Bento Gonçalves.

Há mais de um século atrás, o que era um refúgio seguro de tigres e javalis, apssou a ser herança conquistada palmo a palmo pela coragem de imigrantes italianos que, derrubando a mata de angicos e pinheiros, transformaram este chão em promissoras roças; começava então o primeiro capítulo da colheita do milho, do trigo e da videira. Tudo era promessa nos primeiros tempos de nossa história. E hoje, reverentemente, lembramos a memória daqueles que souberam em meio às dificuldades e privações, alicerçar o orgulho que agora sentimos de sermos herdeiros desta terra. Eles souberam, em poucos anos, tudo vencer. O solo árduo e dificultoso tornou-se, como num passe de mágica, em tapete bordado de searas. Era preciso cobrir os vales e as montanhas, e então as parreiras foram capazes de tornar visível este milagre de fartura. Eles souberam tudo vencer, porque consigo trouxeram um verdadeiro e firme setimento religioso: conservando em seus corações e transmitiram a fé aos seus descendentes. Por isso o testemunho das gerações anteriores ainda está vivo nos nossos olhos, nas comunidades, capelas e nas igrejas que construíram com sacrifício. Somos um povo que crê, um povo que reza, um povo que canta… E de semana em semana, de festa em festa, continuamos esta crença, esta união, esta alegria de um povo que se reúne e busca uma resposta aos anseios legítimos do coração.

E aqui surge a pergunta “O que significa para a história de Bento Gonçalves a festa de Santo Antônio?”. Esta interrogação não merece apenas uma palavra, mas é todo um povo que deve participar, deve dizer e deve viver… Nos últimos anos, a nossa festa está recebendo uma contribuição sempre mais amparada. O itinerário religioso da nossa comunidade conheceu o suor, a coragem, o dinamismo e a fé de uam galeria de homens que aqui souberam, dentro de suas limitações, dar tudo de si para a grandeza de um povo, que neles via os líderes indispensáveis para uma época que exigia serem instrumentos de paz, concórdia, união e perspectivas. Nove anos após a chegada dos imigrantes italianos, era nomeado como primeiro vigário da Villa Dona Isabel, o reverendo Padre João Menegotto. Na data da fundação da Paróquia de Santo Antônio, 26 de abril de 1884, é que surgiu entre nós o Pe. Menegotto, vindo da Diocese de Pádua (Itália), aqui permanecendo 27 anos.

“Queremos informar que antes da oficialização da Paróquia, este terreno pertencia à Jurisdição Eclesiástica da Freguesia de Estrela. Neste itinerante, a assitência religiosa era mantida por sacerdotes que vinham e permaneciam temporariamente aqui, sem nenhum vínculo. Era apenas uma ajuda religiosa reclamada pelas inúmeras levas de imigrantes que chegavam do além mar, para iniciarem a primeira página de trabalho e esforço comunitário”.

Em 1911, surge a figura ímpar de Pe. Henrique Poggi, natural de Gênova (Itália). Durante 12 anos, este homem sacerdote soube impor-se como um homem de Deus num ambiente indomesticado, era fácil o ódio e a divisão. No entanto, Pe. Poggi agiu com paciência e soube pacificar a família comunitária. Deve-se a ele a vinda do belíssimo altar de mármore que, desde 1915, é pedestal do glorioso padroeiro da cidade e de todo o município. O mármore é de Carrara (Itália). O Pe. poggi sabia que o progresso não estava nas coisas e sim num povo que caminha com fé… E ontem, como hoje, todas as comunidades fogem da mediocridade e caminha na paz e na concórdia.