Otimista com o desafio de recolocar o Esportivo no Gauchão em 2019, o treinador inicia trabalhos de campo em 15 de janeiro

Em busca de seu segundo acesso à elite do futebol gaúcho, o técnico Rodrigo Bandeira comandará o Esportivo na Divisão de Acesso de 2018. Com a incumbência de recolocar a equipe na Série A do estadual, o treinador de 44 anos está otimista com relação ao trabalho à frente do alviazul e crê na promoção para a primeira divisão.

Apresentado oficialmente em 29 de dezembro, Bandeira tentará repetir o feito conquistado com o União Frederiquense em 2014, quando conseguiu a terceira vaga para o Gauchão do ano seguinte. Na Divisão de Acesso passada, o treinador porto-alegrense quase classificou o Lajeadense – que foi derrotado na semifinal para o Avenida, o que impediu o segundo acesso pessoal. Além destas equipes, Bandeira também já treinou o Canoas, Guarany de Camaquã, Brasil-FAR, Glória e Santa Cruz.

O treinador que comandará o Esportivo na Divisão de Acesso se apresenta, junto a sua comissão técnica, em 15 de janeiro, na Montanha dos Vinhedos. A expectativa é de que até lá, o plantel de jogadores já esteja praticamente formado. A estreia do alviazul na Série A2 Gaúcha ocorre em 4 de março contra o Ypiranga, no Colosso da Lagoa, em Erechim.



Jornal Semanário: Como foi a aproximação e negociação com o Esportivo?
Bandeira:
 Eu retornei de um compromisso em que treinei a seleção gaúcha de categoria de base e encontrei com o Guilherme Salton e Anderson Zanella, que à época eram presidente e diretor de futebol do Esportivo, respectivamente, na sede da Federação Gaúcha de Futebol, onde foi feito o primeiro contato e demonstrado interesse por ambas as partes. Após as definições relativas à gestão do clube, concluímos a nossa negociação, acertamos em definitivo e já passamos a trabalhar pensando no ano de 2018.

JS: No seu currículo como treinador estão o acesso com o União Frederiquense e algumas campanhas sólidas com outros clubes. O quão importante para o Esportivo pode ser o seu conhecimento do futebol do interior gaúcho?
Bandeira:
 Sem dúvidas, a Divisão de Acesso é um campeonato à parte. No segundo semestre do ano passado trabalhei na segunda divisão de Santa Catarina e constatei que o futebol do interior no Rio Grande do Sul é muito complicado. Se faz necessário entender o adversário, compreender como cada clube monta a sua equipe e, a partir disso, analisar o que pode ser ajustado para tornar uma equipe competitiva. Nos últimos quatro anos eu consegui fazer excelentes campanhas e é claro que, de alguma forma, isso pode ajudar a nossa equipe.

JS: A competição tem equipes tradicionais e algumas que estão cumprindo um planejamento de médio e longo prazo. Qual o nível da Divisão de Acesso de 2018 na sua opinião?
Bandeira: 
Eu acredito que há algum tempo a competição tem um nível muito bom. A qualidade das equipes, dos atletas e também das comissões técnicas subiu muito. Para este ano, a tendência é que a capacitação seja ainda maior, uma vez que o a Série A do Gauchão termina cedo, e isso pode ser crucial para a Divisão de Acesso, já que atletas da elite poderão reforçar as equipes ainda na primeira parte do campeonato. Além disso, será uma competição longa, com turno e returno na fase de grupos e, depois, mata-mata. Portanto duas características diferentes em um torneio de bom nível. Será um grande desafio.

JS: Há algum time com maior favoritismo para este ano?
Bandeira:
 Eu acredito que esta edição da Divisão de Acesso será marcada pelo equilíbrio. Há algumas equipes que podemos destacar em relação a outras pelo fato de terem começado antes e mantido uma base, . São seis ou sete equipes que se encaixam nesta característica. Ou seja, mais equipes que vagas para o acesso, o que demonstra o grande desafio que todas as equipes do torneio terão. Pensando nos elencos, a qualidade dos atletas importa, mas o planejamento do clube mais ainda. Isso em uma disputa equilibrada pode fazer a diferença. Não vai ter uma equipe com mais poder que a outra.

Na Serra Gaúcha, Rodrigo Bandeira trabalhou no Brasil de Farroupilha, em 2015. (Foto: Bruno Tech/EsporteSUL)

JS: Algumas das equipes da Divisão de Acesso já estão em processo final de montagem de elenco. Por sua vez, o Esportivo ainda não tem um grupo fechado. Com esse cenário, o que perde o alviazul?
Bandeira: Nós começamos a montagem do elenco na segunda quinzena de dezembro. É inegável que o fato de termos iniciado depois que boa parte das equipes nos fez perder jogadores que poderiam ser úteis. Porém, encontramos no mercado atletas de qualidade e que ainda estavam disponíveis. Alguns jogadores aguardavam proposta de equipes da Série A do Gauchão, não fecharam e, portanto, ficaram disponíveis para a Divisão de Acesso. Além disso, existe uma vasta rede de contatos entre jogadores, comissões técnicas e diretorias, o que facilita em situações como a nossa.

JS: E o que pode ser detalhado sobre o elenco que do Esportivo na Divisão de Acesso?
Bandeira: A ideia foi dar sequência à base de equipe que já tinha vínculo com o Esportivo. Ainda, adicionamos jogadores que estavam disponíveis e que a comissão técnica já conhecia, e avaliou que poderiam ser úteis para este campeonato que valoriza muito o contato físico. Porém, não abriremos mão da qualidade técnica que sempre pode ser um diferencial. Nós não poderíamos assumir o comando e não ter a ambição de sermos competitivos. Ainda que tenhamos começado depois, podemos montar um time interessante.

JS: A atual diretoria do clube afirmou que o principal objetivo é conseguir o acesso para a disputa do Gauchão de 2019, ano do centenário alviazul. A possibilidade de uma pressão pelo sucesso, de alguma forma, preocupa a comissão técnica?
Bandeira: Eu dou outra significação a isto. Não vejo este fator como pressão, mas sim como motivação para o nosso trabalho. Conseguir o acesso neste ano nos colocaria na história do clube, ficaríamos marcados para o centenário. E isso precisa motivar a todos que farão parte do grupo do Esportivo, já que é uma oportunidade única e queremos mostrar resultados positivos. Será necessário comprometimento, entender que o objetivo é ambicioso, mas sem causar pressão excessiva nos jogadores.

JS: Para finalizar, qual a sua perspectiva com relação ao trabalho no Esportivo em 2018?
Bandeira: O principal é que tenhamos em mente que o nosso objetivo é conquistar a vaga para a Série A. A nossa ideia é, na primeira fase, ficarmos entre os dois primeiros do nosso grupo para que, nos mata-matas, tenhamos a vantagem de jogar em casa. Falamos muito em projeto, mas é difícil que ele se concretize sem que haja resultados no dia a dia. Por isso, precisamos trabalhar com convicções, aumentar o nível de exigência e cobrança para que consigamos atingir o objetivo final. Sempre haverá uma valorização de quem tem um bom trabalho e chega ao que foi planejado. Desta forma, esperamos concluir as metas a partir do nosso trabalho e recolocar o Esportivo na primeira divisão.

Foto de capa: Grêmio Esportivo Glória, Reprodução.