Se há um assunto que é consenso entre prefeito, vereadores de diferentes partidos e a comunidade de Pinto Bandeira é a calamitosa situação da rodovia estadual VRS-855, que liga o município à Bento Gonçalves. Buracos e a falta de sinalização que dificultam as condições de tráfego no trecho são alguns dos apontamentos feitos ao Governo do Estado, responsável pela manutenção da estrada. O problema já é antigo e se agrava a cada período de chuva. Há trechos que foram restaurados, mas com o tempo ficaram piores. Gestores e lideranças empresariais afirmam que é dinheiro público atirado no ralo. Para eles, a situação só atrasa o desenvolvimento e o turismo na cidade. Uma audiência foi marcada com governo para discutir o problema.

Para o prefeito Hadair Ferrari, o assunto é tratado como prioridade. Ele afirma que a situação é caótica e necessita de apoio de deputados e autoridades estaduais para solucionar o problema, já que a rodovia é de responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer). “Visitamos diversos gabinetes, conversamos com os diretores do Daer, em Porto Alegre. O responsável pelo departamento aqui em Bento, Sandro Wagner Vaz dos Santos está comprometido conosco, inclusive, em realizar nas próximas semanas uma operação tapa-buracos, no entanto, aguarda uma decisão dos diretores estaduais”, explica.

Conforme o prefeito, o problema coloca em risco a vida de quem passa por ali. “É uma situação delicada. A gente não tem como solucionar, porque a rodovia não é municipal. A comunidade cobra diariamente por uma solução, achando que é nossa responsabilidade. O perigo na rodovia é constante”, pontua.

O presidente da Câmara de Vereadores, Adilso Antônio Salini (PMDB), diz que já perdeu as esperanças. Ele lembra que há mais de três anos é feito o trabalho de tapa-buracos e que a situação só piora com as fortes chuvas. “É uma vergonha transitar por aqui. De tempos em tempos a gente vê uma equipe tapando essa buraqueira, mas aí vem uma chuva forte e essas crateras voltam ainda maiores. Sempre ficamos nas promessas”, lamenta.

Se não bastasse a insegurança ao dirigir pela rodovia, a economia também é afetada. Parte da produção do município passa pelo local. Além disso, o turismo também é prejudicado. A proprietária de uma vinícola, Beatriz Giovanini, diz estar desanimada e envergonhada com a situação. “Há uma grande probabilidade em sermos vítimas de acidentes por causa da péssima qualidade da rodovia. É uma sensação de vergonha e tristeza ao mesmo tempo. É desanimador se esforçar tanto para fazer turismo. Quando as pessoas chegam aqui, pedimos desculpas pelas condições em que a estrada se encontra. Fazer turismo nessa situação é chorar todos os dias”, lamenta.

Produtividade no setor agrícola também é afetada

Parte da produção de Pinto Bandeira passa pela VRS-855. Atualmente, o município ocupa o quinto lugar do Estado com maior produtividade no setor agrícola. A edição deste ano do Perfil das Cidades Gaúchas, lançada pelo Sebrae/RS, revelou que o município está bem classificado em indicadores de desenvolvimento socioeconômico e também em potencial de consumo. O estudo analisou 62 indicadores dos 497 municípios do Estado. No entanto, a produção sofre com a situação da rodovia.

Conforme o vice-prefeito e secretário de Agricultura, Pecuária, Comércio, Indústria e Meio Ambiente, Daniel Pavan, as más condições de trafegabilidade geram um custo muito alto, principalmente na questão de transporte da produção. “Quando frentistas de São Paulo e Rio de Janeiro ouvem falar de Pinto Bandeira, eles aumentam consideravelmente o preço do frete por causa da estrada. Imagine toda a vez que você colocar um caminhão aqui, corre o risco de estragá-lo. Existem locais que dá vontade de arrancar o asfalto e deixar com a estrada de chão”, afirma.

Pavan acredita que se as condições de trafegabilidade da rodovia estivessem em perfeitas condições, o município alcançaria uma colocação melhor no ranking. “Se o clima continuar propício à produção, com pouca geada, teremos uma produção de pêssego e uva que vai ultrapassar os 40 milhões de quilos. E aí é que vem o problema: com essa buraqueira toda, será que vamos conseguir transportar tudo isso? Muitos produtores tem vontade de arrancar as frutas e jogar fora. Ninguém mais aguenta essa situação”, desabafa.

Audiência com o governo

Segundo o prefeito de Pinto Bandeira, lideranças políticas, e entidades empresariais vão se reunir com o Governo nas próximas semanas. “No dia 22, estaremos em Porto Alegre conversando com o governador Sartori para buscarmos alguma solução”, pontua Ferrari.

Até o fechamento desta edição, o Daer não havia encaminhado nota sobre o assunto.