Mistura dos materiais orgânicos e recicláveis por parte da população vem gerando redução de lucros e incertezas

A cidade de Bento Gonçalves possui nove associações e três empresas de âmbito privado que realizam a separação e a reciclagem do lixo diariamente. Entre as associações que recebem benefícios do governo municipal, duas realidades estão preocupando responsáveis e funcionários, a primeira a má separação dos resíduos orgânicos dos recicláveis e, por consequência, a segunda queda no faturamento, o que gera algumas dificuldades para o crescimento e melhora no atendimento do serviço.

Mistura de recicláveis e orgânicos é comum nos pavilhões das associações responsáveis. Foto: Guilherme Kalsing

Os barracões das associações recicladoras parceiras do Poder Público estão lotados de materiais e o trabalho é intenso para a separação. Porém, os funcionários estão tendo mais trabalho nos últimos meses, pois os resíduos orgânicos chegam junto com os recicláveis. Esse é o relato do Presidente da Associação de Reciclagem São Roque, Antônio Minozzo. “Não sabemos se é a população que não está realizando a separação correta do lixo ou a empresa que está recolhendo tudo misturado no dia-a-dia para deixar a cidade mais limpa. Infelizmente não é uma leva ou outra, é muito comum e está nos atrapalhando”, diz.

A responsável da Associação do Jardim Glória, Vanderleia Araldi, também compartilha a insatisfação. “O lixo vem todo misturado. As pessoas não estão tendo consciência na separação, está vindo mais orgânico do que reciclável e se perde mais tempo em fazer uma nova diferenciação dos materiais”, ressalta.

O resultado da má separação não fica apenas no tempo para nova destinação correta dos resíduos, mas passa afetar o faturamento das associações, o que gera uma série de incertezas, inclusive da parte financeira, segundo Antônio. “Isso está fazendo com que nosso faturamento caia. Nos últimos quatros meses a queda girou em torno de 40%.

Entre água e luz estamos pagando um mês e deixando dois para trás por essas dificuldades”, comenta.
Questionado como faz para manter a associação e os funcionários trabalhando, ele explica. “A verba que a prefeitura repassa ajuda um pouco para pagar o aluguel, o restante é fruto vendas da associação para o pagamento dos 14 funcionários e outras contas. “A Associação vende por mês entre 70 e 80 toneladas de lixo.

Para o secretário da AECO, Gilnei Rigotto, uma saída para as associações é a usina de resíduos. “Com ela, todas as associações serão colocadas para trabalhar no mesmo lugar e terão uma fiscalização por parte da prefeitura sobre o que está bom ou que pode melhorar, algo que não acontece hoje e faz com que todos saim perdendo,” diz.

Outras possibilidades de melhora do atual cenário são apontadas por Rigotto. “A conscientização da população em todas as áreas é importante, mas só vai melhorar a partir do momento que tiver a coleta mecanizada. Tendo os coletores, não vai precisar de horário para colocação do lixo, a pessoa colocará a qualquer momento do dia”, diz.

Com relação ao repasse da Prefeitura às associações de reciclagem, o valor atual é R$66,81 por tonelada de lixo como subsídio para manutenção dos locais.

O secretário de Meio Ambiente, Claudiomiro Dias, ressaltou que o repasse as associações não está em atraso e uma série de projetos de conscientização sobre separação correta do lixo são feitas regularmente.