Diz o governo que o cobertor é curto: se tira imposto daqui aumenta imposto dali. De fato o problema é o clima: se faz muito frio precisa de cobertor grosso e se faz muito calor até o lençol é demais. Não precisamos de extremos e a paz sempre foi sinônimo de primavera.

Os caminhoneiros do Brasil possuem lideranças antagônicas que não sentam numa mesma mesa. São profundas as mágoas de desacertos que fiou difícil compartilhar decisões. Mesmo assim a dor fez com que a categoria se unisse com poucas reivindicações de pura sobrevivência: eixo suspenso e Diesel mais barato.

Ajustadas as contas entre caminhoneiros e governo o Brasil continuou parado. A indústria não produziu, o comércio não vendeu, o transportador não faturou, a agricultura não colheu, os animais ficaram sem comida, as crianças não tiveram aula, o povo ficou em casa e Bento Gonçalves ficou parado.

Os empregados ficaram nas empresas esperando por trabalhos que não apareceram. As empresas não faturaram e ficou um buraco entre as contas a pagar e o dinheiro que não entrou. No final do mês os salários terão que ser pagos.

A pergunta é: QUEM PAGA A CONTA?

Minha vontade era escrever mais dez linhas, até terminar esta coluna, com a mesma pergunta: quem paga a conta?
Este Brasil tem dono: o povo brasileiro!

Qualquer estrago que venha a ocorrer é o dono quem paga a conta.
Na minha casa também é assim: sou o dono e pago as contas. Na casa dos meus leitores não é diferente.

O problema é quando alguém estraga minha casa e não posso cobrar. Tenho que pagar de qualquer jeito e continuar morando.

Saibam que o Brasil é nossa casa. Saibam que Bento é um ótimo lugar para morar. Saibam que nós somos os donos porque somos nós que pagamos as contas.

Neste momento tão perturbado, que prevaleça o bom senso dos brasileiros para que tudo se resolva com o menor prejuízo possível. Ninguém merece pagar por estrago que não cometeu.