Dizem que um português, para resolver o problema de espaço em Lisboa iniciou a empilhar as casas e um engenheiro se manifestou:
– “É difícil!”

Foi daí que nasceu a palavra EDIFÍCIO. Coisas da cultura inútil.
Difícil mesmo é acreditar que um morador de edifício possa ter qualidade de vida sem que lhe permitam ver o sol. Do jeito que chegou o novo Plano Diretor na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves parece que isto não foi levado em consideração.

Cabe aos nobres vereadores avaliarem o que é mais importante: a cidade ou o cidadão. O progresso de uma cidade tem um preço que o cidadão pode não estar disposto a “pagar” por ele.
No centro de São Paulo, em Copacabana no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte (MG), em Salvador (BA) e outras antigas cidades, prédios inteiros viraram favelas. Proprietários abandonaram seus apartamentos por moradias melhores, descuidaram do condomínio e os prédios se deterioraram. Hoje a demolição é custosa e inviável.

Vi moradores arrancando o piso de “parquet” para aquecer comida.
Se fossem edifícios com incidência de sol estariam ocupados e mais preservados. Faltou qualidade de vida e o povo se mandou.

Concordo que Bento Gonçalves tenha que progredir e isto ninguém segura. Mais habitações serão necessárias e o Plano Diretor prevê edifícios de 16 andares. Atentem para a segurança contra incêndio, esgotos (consta ter edifício recente com despejo direto no fluvial) e recuos necessários para a qualidade de vida dos moradores.

O Bairro São Bento ainda é preservado das grandes edificações. Tem uma praça pública onde milhares de pessoas buscam lazer, tem a maior concentração de restaurantes da cidade, recebe muitas centenas de ônibus todos os meses, é cercado de hotéis e o sol preserva uma excelente qualidade de vida. Os melhores bairros de São Paulo são assim: sem edifícios.

O novo Plano Diretor, se aprovado, mudará o Bairro São Bento. Seus moradores, cidadãos, querem preservar a qualidade de vida.

É melhor perguntar aos moradores antes do voto dos Vereadores.