Durante algum tempo grande número de pessoas foram às ruas para protestar contra uma série de coisas. Muitos desses protestos foram sem causa específica, genéricos. Partidos políticos – sempre oportunistas, querendo “faturar prestígio” – e apoiadores deles tentaram capitalizar tais manifestações, até mesmo pela falta de foco percebida. Algumas atitudes políticas foram notadas, especialmente de parte do Governo Federal (alvo bem conduzido pela “imprensa amiga”, interessada partidariamente em atingi-lo) e algumas no Congresso Nacional. Nada, porém, de “entusiasmar”, mas coisas simples, triviais. Nos governos dos Estados, nada se percebeu. O governo paulista, por exemplo, pouco ou nada fez para conter a avalanche de denúncias do “trensalão” que, segundo apurado, chegou a quase 500 milhões de reais. Mas, um dos alvos que deveria ter merecido a atenção dos manifestantes, A SEGURANÇA PÚBLICA, pouco ou nada se viu. Pois nesta segunda-feira chegamos ao fundo do poço e se percebeu que sequer FUNDO tem o poço da segurança pública. Um bandido entrou numa sala de aula da Faculdade de Comunicação Social da PUC, em Porto Alegre, e, armado, tomou celulares, dinheiro e outros pertences de alunos e da professora. Esta sala de aula está no terceiro andar do prédio. O bandido saiu e não foi preso ou identificado (até o momento em que escrevo este artigo). Mas, e se ele for preso, o que acontecerá? Absolutamente nada. O pânico, o pavor por que passaram aqueles alunos e a professora é “problema deles”, segundo o que se tem visto, desde a Constituição de 1988, nesse País da Impunidade. A polícia poderá prender o delinquente. A justiça até poderá TENTAR puni-lo. Ficará ele preso, pagando pelo que fez? D-U-V-I-D-O! E meu duvidar se deve ao fato de termos uma legislação pífia, ridícula, absurda, que oferece à marginalidade amplas possibilidades de escapar da polícia e da justiça, graças a bons advogados que sabem usar nossas estúpidas leis. Causa espécie, portanto, que nossos deputados e senadores AINDA não tenham tomado medidas para mudar as leis de forma a fornecer elementos, bases legais para que a polícia e a justiça possam cumprir sua missão. Por vezes chego a pensar que a maioria de nossos parlamentares não muda esse estado de coisas porque temem leis mais duras. Elas poderiam ser aplicadas contra eles mesmos, talvez? Só há, pelo visto, uma maneira de mudar isso tudo: PROTESTOS JÁ! E direcionados, bem alicerçados, buscando respostas imediatas. Não da mais para se viver nesse ambiente de medo, de pânico, de insegurança total. Não importa o local em que se está. Os bandidos sabem que encontrarão cordeiros mansos, desarmados, orientados a “não reagir, porque é melhor”. E, mesmo, se reagirmos, poderemos sofrer “os rigores da lei” – que passa distante da bandidagem. Que o digam os policiais que mataram os bandidos em Cotiporã. Os protestos serão para quando? Ou será que os manifestantes só sabem fazer protestos eleitorais e eleitoreiros?