Em 1890, a produção de vinho atingia um estágio interessante, suprindo plenamente as necessidades de consumo da Colônia. Já se iniciam também os primeiros carregamentos para as maiores cidades do Estado,particularmente Porto Alegre.

O transporte era feito em lombo de burro: das propriedades rurais, das picadas, dos vales e encostas até os pequenos núcleos ou povoado, onde havia uma casa de comércio ou armazém colonial, que negociava os produtos dos agricultores, geralmente por escambo, isto é, por troca. O agricultor entrega-lhe os produtos tais como feijão, trigo, cevada, porcos, queijos e mais recente, vinho, recebendo de volta café, açúcar, tecidos, querosene e algumas ferramentas agrícolas que eles necessitavam.

O vinho era alojado em dois barris de 40 litros cada, colocados um de cada lado do lombo do animal, formando filas de até 10 ou 12 animais, que percorriam a distância entre a propriedade rural até o negociante.

Do negociante até os centros de consumo, Porto Alegre, São Sebastião do Caí, Montenegro, São Leopoldo – O vinho era transportado, às vezes, em carretões puxados por mulas, surgindo disso a figura do carreteiro, que dirigia, às vezes, quatro duplas de animais puxando enormes e pesadas carretas, que enfrentavam os precários caminhos e as intempéries do longo inverno gaúcho com incríveis atoleiros e longas noites geladas. Outras vezes era transportado mesmo em lombo de burro, formando longas filas até o destino. Para Porto Alegre, tem-se notícias de que os primeiros embarques ocorreram em 1884.

A produção de vinho foi crescendo até o ponto em que o mercado local e regional foi insuficiente para absorver toda a oferta, sendo preciso buscar novas saídas para o excedente.
Naquele cenário de então, surgiram duas figuras importantes, orgulho de um povo que soube vencer todos os obstáculos de uma terra íngrime, rumo ao progresso e o desenvolvimento.

Trata-se do toscano Antonio Pierucini, natural de Luca (Itália) e do Vicentino Abramo Eberle, natural de Vicenza (Itália), ambos agricultores de origem, dotados de inteligência, coragem e espírito pioneiro fora do comum.

Dessa forma, iniciou-se uma fase no progresso da Colônia italiana, permitindo assim um novo alento na expansão da produção vitivinícola, que além do estado do Rio Grande do Sul, passaria a fornecer vinhos aos outros estados.

A figura do negociante que surgiu na região a partir de 1880, foi em muitos casos, o núcleo que deu origem a povoados, vilas e cidades de hoje.

A vitivinicultura tomou grande impulso com a ligação ferroviária, Montenegro à Caxias do Sul em 1910 e Montenegro Bento Gonçalves em agosto de 1919, tendo, com isso, possibilitado expandir a área plantada e elevar a produção de vinho, que passou a ser transportado de trem até Porto Alegre.