A Prefeitura de Bento Gonçalves notificou a Associação Ativista Ecológica (Aaeco) para desocupar a sala cedida em 30 dias sob pena de serem tomadas medidas judiciais cabíveis. A alegação do município é de que não há contrato vigente entre a ONG e a Prefeitura e que a Vigilância Sanitária constatou irregularidades no espaço. No entanto, o secretário-geral da Aaeco, Gilnei Rigotto, entende o ato como represália política do Governo Pasin.
O espaço, localizado no Estádio da Montanha, na avenida Osvaldo Aranha, serve de sede para a ONG guardar, recolher e encaminhar para o destino correto os aparelhos eletrônicos inutilizados. A instituição descartou cerca de 400 toneladas do material e construiu o museu do eletrônico, com itens antigos, que seriam levados ao lixo.
A Prefeitura de Bento Gonçalves informa que a medida não é consequência de retaliações políticas, uma vez que a decisão de desocupar a sala vem desde o início do ano. Além disso, o setor de Vigilância Ambiental informou que a presença da fiscalização no local se deu por denúncias da própria Aaeco.
A Administração Municipal ainda ressalta que trabalha construção de PPPs e que o Estádio da Montanha pode ser cedido como permuta para a construção do Centro Administrativo. Por este motivo, não pretende investir na reforma dos espaços no momento.

“É uma represália política a olhos vistos”, afirma Rigotto

Jornal Semanário: Como você está vendo esse ofício da Prefeitura para desocupar a sala?
Gilnei Rigotto: Eu estou ainda muito chocado e surpreso, porque nós deveríamos receber parabéns pelo trabalho que a gente faz. O prefeito Pasin, desde novembro do ano passado, está intransigente em me receber. Eu gostaria que ele me recebesse, mas ele deve ter seus motivos. Nós temos um advogado que irá ver essa documentação.

JS: O que consta no laudo da Vigilância Sanitária?
Rigotto: Mostra as rachaduras que existe aqui atrás, na sala, o depósito de óleo a céu aberto. O que nos deixa indignados é que quem ocasionou tudo isso foi o próprio Executivo Municipal, não fomos nós no uso da sala. O banheiro nos foi tirado quando foi feito o complexo do rúgbi, as rachaduras foram feitas pela empresa que desmontou os banheiros da Aaeco. O laudo da Vigilância Sanitária é verdadeiro, porém, quem fez as rachaduras foi o próprio município.
Sobre a questão do contrato, nós estamos aqui há 11 anos, desde o governo Gabrielli sem fazer contrato nenhum. Mas também tem quatro anos do governo Pasin que não foi feito contrato. Ele está cobrando algo que não exigiu. Porém, a gente sabe do meu histórico no Conselho de Saúde. Eu sempre fui de questionar várias coisas e a Secretaria de Saúde não deve estar contente com isso.

JS: Você considera isso tudo uma perseguição política?
Rigotto: É uma represália política a olhos vistos. Eu fico indignado que ele (Pasin) não nos recebe para resolver as questões. Por exemplo, se falta o contrato, que se faça o contrato. Tem algum problema, que se faça resolver.
Mas o que está aqui é que ele quer que a gente saia, simplesmente. Mesmo o ex-governo Lunelli, mesmo com todas as críticas e os problemas apontados, nunca houve uma retaliação, de mandar nós sairmos em 30 dias.
Nós temos uma licença de operação emitida pela Secretaria do Meio Ambiente válida até 2020. Se ela nos deu a licença de operação neste local, e a data é recente, como é que vem a Vigilância Sanitária e o Prefeito nos mandar embora?

JS: O que você acha que a Prefeitura vai fazer com a estrutura? Tem alguma informação?
Rigotto: Essa aqui, creio que querem derrubar, para fazer a entrada do rúgbi. Diz o prefeito, em um dos ofícios que me enviou, quando pedi outra sala lá no fundo, com banheiro, que todos teriam que sair dessa área porque iriam fazer uma parceria público-privada.
Eu sou um homem livre, vou ser sempre. Sou apartidário. Não tenho ficha partidária, embora tenham me convidado. Alguém influencia ele para não me receber em função das críticas que eu faço. Tanto que a Vigilância Sanitária veio fazer a vistoria na mesma semana que eu contestei a decisão de terceirizar o Samu sem consultar o Conselho de Saúde. Na mesma semana. Eu estava prevendo que isso ia acontecer. A Vigilância Sanitária que está sob ordem do secretário (de Saúde, Diogo Siqueira).