O Salão Nobre da Prefeitura de Bento Gonçalves foi palco de um importante passo na área de saúde para os municípios da região dos Vinhedos e Basalto e Uva e Vale, na manhã da quinta-feira, 30.

Na ocasião, a Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), com apoio da Federação da Associação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), oficializou acordo para mais uma etapa de avanços em uma especialidade que há muito tempo gera polêmica e preocupação: as cirurgias de alta complexidade em traumatologia e ortopedia. Para isso, foi realizada a assinatura do termo de edição da Portaria SES, que viabiliza os repasses financeiros ao Hospital São Carlos, de Farroupilha.

Para acabar com as longas filas de esperas para realização de cirurgias desse tipo, está sendo firmado um convênio entre 34 municípios. Para isso, foi realizada assinatura do termo de edição da Portaria SES, que viabiliza os repasses financeiros ao Hospital Beneficente São Carlos, pertencente ao município de Farroupilha, que se tornará referência nesse tipo de atendimento, tendo capacidade para realizar até 264 cirurgias por ano, sendo 182 eletivas e 82 de urgência e emergência.

Em pronunciamento durante a reunião, o Prefeito de Bento, Guilherme Pasin, contou que atualmente na cidade, existem 1.200 pacientes aguardando por cirurgia de média e alta complexidade. Pasin também afirmou que a Capital do Vinho vai ter que cortar R$400 mil do orçamento da saúde para financiar esse convênio. “Hoje estamos apenas acumulando pacientes nas nossas filas e isso é desgastante demais e se torna inaceitável. É uma luta da nossa região e temos que continuar tentando avançar. Acredito que teremos que ir para Brasília forçar uma agilidade e fazer esforços para enxugarmos nossos orçamentos. Sabemos que não está sobrando recursos, mas vamos ter que cortar”, declarou.

Investimentos e prazos

O Secretário de Saúde de Bento, Diogo Segabinazzi Siqueira, afirma que a cidade, nos últimos meses, não está conseguindo realizar nem as cirurgias de urgência. De acordo com Siqueira, para a concretização do convênio, o Governo Federal e Estadual entrarão com cerca de R$150 mil cada. Já os municípios, em torno de R$140 mil ao todo. “Vai ser dividido por um valor per capita. Colocamos um coeficiente de 0.28 reais para cada morador, no caso, Bento vai investir em torno de R$30 mil por mês”, explica.

A Secretaria Estadual de Saúde, Arita Bergmann, presente na reunião, afirmou que uma resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) transfere o teto do Hospital Pompéia, de Caxias do Sul, atual credenciado, para o Hospital São Carlos, de Farroupilha. De acordo com Arita, esse contrato vai viabilizar um serviço que toda região carece. “De um lado, estamos criando a possibilidade de fortalecer a regionalização da saúde. De outro, estamos mostrando que com a união de esforços entre os entes responsáveis pela saúde é possível viabilizar um serviço de extrema importância para o cidadão dessa região através do Hospital São Carlos, que tem todas as condições de atender a 34 municípios, representando 501 mil pessoas de duas regiões de saúde”, afirma.

Siqueira afirma que, embora importante, essa reunião foi apenas uma etapa. “Ainda não é a concretização do convênio. Dependemos da vistoria do Estado com o hospital, da autorização do Governo Federal, mas o importante é que pela primeira vez, o Estado está assumindo a postura de buscar essa referência”, frisa.

Questionada sobre os prazos para os próximos passos, Arita afirma que, embora não seja possível fazer uma previsão, a expectativa é que não haja tanta demora. “Como não se trata de recursos novos e sim de uma transferência de recursos federais que estão hoje na gestão de Caxias, acreditamos que se não houver nenhuma necessidade de adequação na diligencia que o Ministério faz no sistema, a estimativa nossa é de que nos próximos 30 dias saia a portaria ministerial. Também vamos editar uma portaria estadual para viabilizar os recursos”, antecipa.