Moradores apontam série de melhorias a serem feitas pelo executivo; segurança também gera preocupação

Localizado na zona leste, o O Conceição é um dos bairros que tem algumas lutas praticamente diárias por parte dos seus moradores. A primeira está na busca por melhorias estruturais e sociais oriundas do poder; a segunda na tentativa de limpar a imagem de ser um bairro essencialmente violento mediante os inúmeros casos de mortes registradas recentemente.

Em frente a sua casa, no meio da tarde estavam Cátia Costa, 52 anos que trabalha na creche do bairro e Ana Maria Bernardes, 51 anos. Na companhia de uma idosa, tomando tranquilamente o chimarrão, elas conversam sobre a situação do bairro Conceição. O primeiro destaque positivo foi dado em conjunto. “A vizinhança. Aqui temos pessoas, na maioria muito boas, de família, que trabalham muito e outras que fizeram de tudo para ter uma vida confortável. Conversamos e com muito respeito, temos ótima relação. Isso é muito bom para todos ”, contam.
Em outro ponto do bairro, o auxiliar de serviços gerais, Adroaldo Borba ao ser questionado sobre os pontos positivos do Conceição, foi na mesma linha das outras moradores. “O bairro é muito bom. Aqui, o pessoal todo se conhece, pode chegar a qualquer hora sem nenhum problema”, observa.

A inauguração do Centro de Apoio a Criança Toquinha da Amizade (Ceacri), em março do ano passado e de uma academia ao ar livre, neste semestre, ganharam destaque por parte de Cátia Costa. “O Ceacri foi importante para as crianças do bairro que ganharam um lugar com várias atividades e espaço seguro. E a academia, eu gosto de ir frequentemente fazer uns exercícios. Foi uma iniciativa legal”, reconhece.

Problemas a serem resolvidos

Na conversa com os moradores do bairro Conceição, há várias insatisfações de infraestrutura e de solicitações encaminhadas e nem sempre atendidas junto ao Poder Público. Borba, por exemplo, apontou os lixos colocados pelo município e que estão em situação precária. “As lixeiras estão em estado muito ruim aqui no bairro, todas quebradas. E tem gente que larga na rua esperando que a prefeitura recolha, mas não passam e fica tudo aqui, deixando uma aparência ruim, criando bicho e outras coisas”, sustenta.

Ana Maria Bernardes, falou sobre essa situação dos bueiros, os quais estão entupidos. “Já faz algum tempo que cada vez que chove a água invade. E, além disso, o cheiro que sobe, principalmente nos dias mais quentes é muito desagradável”, relata. Com relação aos bueiros, Borba, completa. “Faz uns cinco, seis meses que o pessoal já ligou e pediu ajuda da prefeitura, mas não vieram. O cheiro é tão ruim que o vizinho até me pediu um tapete para colocar ali porque é muito forte”, garante.

Outra solicitação feita pelos moradores é a limpeza dos espaços públicos de lazer. Conforme Borba, pouco é feito no bairro. “Colocaram um monte de terra em um espaço e falaram que seria uma praça próxima à escada, mas não fizeram nada até agora. Isso sem contar o mato que está espalhado por todo os locais”, frisa.

Em outro espaço de lazer, na rua Mauri Alcides Scussel, uma cancha de areia está abandonada, segundo um morador, que não quis se identificar. “Eles vêm até aqui, colocam um pouco de areia que na primeira chuva leva tudo embora e limpam de vez em quando. Tá aí, mato por todo o lado”, questiona.

Um ponto importante solicitado pelos moradores foi apontado por Borba. “Temos duas escadas em que circulam muitas pessoas, principalmente idosos. Ambas não têm corrimão para se segurar. Isso deixa muito perigoso, porque um deslize pode levar a pessoa a cair e ficar bem ferida. Já aconteceu algumas vezes e nos deixa bem preocupados. Um corrimão ajudaria muito”, propõe.

 

Segurança

O bairro apresentou uma série de mortes nos últimos tempos. Para Cátia Costa, a insegurança é geral, não apenas no Conceição. “A violência está em todos os lugares, mas alguns acham que é só aqui no bairro. Não é verdade. É claro que sentimos medo, ouvimos alguns tiros durante à noite, sabemos de morte. Mas é um bairro muito bom de se viver”, salienta.

Borba, fala em tom de desabado. “Não temos culpa que os caras (bandidos) roubam carro pela cidade e vem até aqui para andar e depois abandonar. O bairro e os moradores acabam difamados por esses casos que nem são feitos por nós”, expõe.

 

Fotos: Lucas Araldi/Jornal Semanário