Apesar de algumas melhorias já realizadas por parte do Poder Público, há muitos pedidos por adequações em vários setores, além de reclamações de que pouco foi feito no bairro. Assim está o sentimento dos moradores do bairro Barracão.

Apesar de não ser um dos maiores bairros, o Barracão tem importância significativa para a Capital do Vinho. Ele é uma das portas de entrada e saída para cidades como Farroupilha e Pinto Bandeira. Além disso, é passagem obrigatória para os milhares de visitantes que se deslocam até os Caminhos de Pedra.

Os pedidos por melhora no bairro

Mesmo sem grandes dimensões territoriais, o Barracão possui várias reivindicações de moradores em vários setores. Uma deles está localizado na rua Francisco Ferrari, uma das portas de entrada do bairro, com foco na manutenção do calçamento e limpeza das vias de passagem dos pedestres. Quem fala sobre o assunto é Ortenilo Bianchi. “As ruas precisam melhorar e muito, estão com vários buracos, com o mato tomando conta da rua e da calçada na Francisco Ferrari. Quem caminha por ali acaba tendo que desviar para não bater na cabeça”, indica.

Na Ari da Silva, a moradora Janice Maria da Costa destaca um buraco aberto e que não foi fechado, mesmo com vários protocolos feitos na Corsan. “Está aberto há mais de três semanas. Quebraram a calçada para arrumar algo, mas fizeram outro problema. Quando chove, o esgoto sobe, desce sujeira das outras ruas e fica horrível. Já chamados eles (Corsan) e a resposta foi para deixar assim, por enquanto”, lamenta.

Esgoto também é um problema bem recorrente também na rua Francisco Ferrari. Os detalhes do incomodo são dados por Ortenilo Bianchi. “O esgoto incomoda todo mundo. Quando chove, não dá para aguentar. É uma vergonha. Já foram feitos vários abaixo-assinados e não tivemos respostas. Dizem que é uma vertente, mas eu não acredito, é puro esgoto que corre nessa água vindo de outros bairros mais acima do Barracão. Tudo é largado dentro, é horrível, os moradores sofrem”, constata.

Ainda sobre a situação, Bianchi desabafa. “Quase nada foi feito no bairro. Infelizmente, parece que a prefeitura nos abandonou”, lamenta.
Já nas proximidades da casa da família Cusin, a reclamação é a ausência de calçamento, que não contempla toda a extensão da Rua Avelino Signor. “Tive que fazer uma lombada em frente a minha casa pelo excesso de pó ocasionado pelo trânsito contínuo de caminhões bitrens. Não dá para aguentar mais. Todos os dias têm que lavar calçada e molhar a estrada. Estou gastando o dobro de água. Já estava em pauta essa solicitação junto à prefeitura. Os secretários vieram e falaram que sairia asfalto, mas nada”, afirma.

Para Cusin, a construção do presídio poderia impulsionar o calçamento ou asfaltamento da via. Ele aproveita, para também desabafar. “Agora veio o maior investimento perto de nós, o presídio. eles serão obrigados a fazer asfalto. Isso aqui é chão batido. Flores da Cunha, Garibaldi, Carlos Barbosa, você passa pelas vias do interior e quase todas asfaltadas, aqui em Bento Gonçalves não, é uma vergonha, está difícil”, frisa.

Os fatores positivos do bairro

Muitas empresas, boa escola e obras recentemente concluídas foram apontadas pelos moradores do Barracão, como fatores positivos. Para Cusin, o turismo também é visto como algo benéfico. “A movimentação pelo Caminhos de Pedra e suas atrações é algo que nos deixa felizes, pois as pessoas que passam por aqui veem nosso cuidado com tudo”, salienta.

Já para Janice, a colocação de blocos de concreto e drenagem de uma das ruas entregue há um mês é o ponto principal. “Pedíamos muito por isso e há muito tempo. Antes era muito barro, não se conseguia andar e chegar em casa. Agora, com tudo novo, está sendo muito bom”, valoriza.

Segundo Bianchi, há fatores que se só a convivência de longa data possibilita. “Estou há 18 anos aqui e sempre tivemos uma relação muito boa com os vizinhos. Isso fortalece tudo, dá um sentido de segurança e respeito pela convivência. Característica que não se vê em lugares maiores”, assegura.

Presídio preocupa os moradores

Ao que tudo indica, a partir de abril, o bairro será caminho para o novo presídio estadual de Bento Gonçalves. Fato que está gerando uma série de incertezas por parte dos moradores, principalmente no que tangencia a segurança. Para Inês Maria Tormem Poyer, a tranquilidade que se tinha no bairro já começou a ser modificada mesmo antes da entrega oficial e início do recebimento dos detentos. “Anos atrás, mas muito mais nos últimos meses, não tínhamos esse clima de insegurança no bairro. O número de pessoas que passam por aqui aumentou e vai aumentar ainda mais quando o presídio estiver pronto. A gente não sabe se essas pessoas que irão até o local são do bem ou não. Estou particularmente com medo, bem insegura”, sugestiona.

Ainda segundo Inês, medidas que anteriormente não eram adotadas passaram a ser mais comuns por ela e outros moradores próximos. “Saíamos para conversar com os vizinhos mais próximos e se deixava a porta fechada, sem estar trancada, mas agora não é possível ter essa atitude. É chavear tudo mesmo que seja cinco minutos longe da casa”, lamenta.

O mesmo tom de preocupação está nas palavras de outro morador do bairro, Itacir Ernesto Cusin. “Estou fechado em casa, estamos com medo pelo fluxo de pessoas que irão passar aqui. Imagina nos horários de visitas a quantidade de pessoas trafegando. Teve gente que já nos disse que acabou o sossego, que temos que nos resguardar e colocar respeito onde nós moramos para ter segurança. É um presente que achávamos que era bom, mas agora veio à surpresa”, argumenta.

Fotos: Lucas Delgado/Jornal Semanário