Passando a Limpo
Me corrigiram dizendo que Orildes Loticci não assumirá cargo no Governo do estado, mas sim junto a Central Gaúcha dos Trabalhadores. E que Alcindo Gabrielli vai para o Ministério dos Cidades onde está o Osmar Terra e não para o Ministério da Agricultura. E por fim que Aido José Bertuol vai voltar para o MDB. Quanto a Orildes ela tem lá seus seguidores na Liderança Estadual do Sindicalismo, mas o foco do meu comentário residia que ela, e seus colegas de diretoria não deveriam, como líderes sindicais estar envolvidos em política partidária, muito menos deter cargos de confiança na gestão municipal como ocorre com Sérgio Neves. Quanto a Gabrielli no Ministério das Cidades, muito melhor para Bento. Quanto a Aido José Bertuol, se voltar vai ser para buscar a paz espiritual política, junto ao PP parece ser um estranho no ninho. Parece, eu disse.

De Castelo a Mourão
Em plena efervescência revolucionária, o General Castelo Branco veio a Bento como Presidente da República. Desceu do avião ali no aeródromo localizado onde hoje é a Avenida Planalto e, quando chegou na frente da Vinícola Monaco, localizada em frente ao Super Nacional, mandou para o carro e desceu, vindo até a Prefeitura a pé. A multidão foi ao delírio, aplausos intensos e continuados, a segurança do Presidente foi a loucura, ninguém poderia imaginar uma cena dessas. Há tempo fui a Fortaleza e me deparei, num espaço público valiosíssimo, ocupando uma quadra inteira, que recomendo a visita, como memorial a Castelo Branco, uma visita que jamais saiu da minha memória. Li algumas cartas que ele enviara para sua amada, no período em que cursava a Escola Superior de Guerra em Porto Alegre. Tudo está lá ricamente registrado, Castelo é um orgulho para o Ceará, um homem culto, uma referência.

Há tempos atrás, uns “tchó”, vereadores de Porto Alegre, aprovaram projeto mudando o nome de uma das principais vias de acesso a Porto Alegre, de Castelo Branco para Legalidade, um absurdo. Tempos depois, muito tempo depois, a justiça, que tardou mas não falhou, mandou que a Avenida, que margeia o Guaíba, voltasse a se chamar Castelo Branco. Vibrei, fez-se justiça na opinião de quem estudou bem a biografia do General. Pois agora surgem, na vida dos brasileiros, inúmeros Generais que assessoram o Presidente Bolsonaro. Mas um General se sobressai, o Vice-Presidente Hamilton Mourão. No começo dava impressão que suas palavras iriam provocar uma guerra, no entanto ele foi, como um bom militar, que como ele diz entrou na política aos 43 minutos do segundo tempo, foi rateando, rateando, pensando, pensando, falando, falando, e, de repente está se traduzindo no queridinho do povo brasileiro, da imprensa, das lideranças internacionais. Assim, na cabeça de quem acompanha o processo, o medo se traduziu em respeito, admiração e prestígio.

Fiz o curso da Escola Superior de Guerra, me parece que a sigla era ADESG (Amigos da Escola Superior de Guerra), foram 15 dias de palestras diárias, numa das salas da Escola de Enologia, o Brasil e seus problemas, suas perspectivas, tudo era passado a limpo. Esses Generais não são brincadeira, estão preparados, quando desmistificam o militarismo como fez o General Mourão, mostram seu preparo e seu saber. Quem vai se meter com eles? Eu? Sou só respeito e admiração. O Bruce (Jean) Wyllys, a Maria do Rosário? A Gleysi? O Aécio Neves? Não. Vejam o que disse Mourão esta semana quando perguntado sobre a reforma previdenciária. “Ou aprovamos, com emendas ou sem emendas, ou o Brasil fecha”. Perguntado sobre o Presidente ele disse que, traduzindo na linguagem do meu avô, “é vara verde ainda”. Bem, a verdade é que os Generais da República a serviço da gestão do País, estão dando o que pensar. Na casa de cada um de repente tem um General Mourão, ou não tem e deveria ter. Na escola tem um professor com o espírito e saber do General Mourão. O Brizola, por exemplo, era um Mourão da esquerda. Volto meus olhos para o Governador Leite e vejo o esforço que ele fez para ser Mourão mas seu passado de campanha eleitoral está impedindo.

Volto meus olhos para o nosso Prefeito Pasin, ele tem rompantes de Mourão e de Bolsonaro, porém, só rompantes, o restante corre por conta dele. Voltando para o seio da família, não vai faltar pai que, ao olhar o filho, dispare: “é um Bolsonarinho”, um outro pai: “é um Mourãozinho”. Quando a mãe questionar o pai do porque da qualificação, um vai dizer, “veja, veio da escola com essa ideia, agora vive o dia todo pela casa cantando o Hino Nacional”. E, o outro pai, para a outra mãe, é bem possível que diga: “veja só, ele vive pela casa dizendo que é o Bolsonaro, que quando crescer vai acabar com o PT, também não é assim né?”. Vale dizer que a disciplina escolar, familiar, empresarial, é fundamental. Nesse particular, dez para os militares. Ler um livro de boas maneiras e o Pequeno Príncipe, além dos livros escolares e não escolares, tornará as crianças sábias, como o Mourão, preparadas , sem reservas e com inteligência e postura adequadas. Respeitar e amparar pai e mãe, como os militares se respeitam, tornam as crianças sociáveis e respeitáveis. Ser leal e verdadeiro com seus amigos, como o Mourão é para Bolsonaro, não te ajudará a construir relações estáveis e construtivas, embora muita gente (bastante gente) não saiba como conduzir este processo.

Olhe, olhe bem para dentro de si, você vai encontrar um pouco de Mourão, de Bolsonaro, mas pelo amor de Deus, não encontre algo parecido com aqueles que saquearam a República. Queira um país melhor, para si, para os jovens, para as crianças. Escrevi esta coluna degustando um vinho cabernet de uma garrafa que o Antônio Frizzo me deu, com um rótulo do Grêmio. Depois de esconder o rótulo com um guardanapo, servi, com maestria, um copo. Embora, bom, confesso, desceu azedo. Terá sido o rótulo? Encerrando, cante comigo: “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas…..”. A moda agora é essa, até porque você não precisa mais ter vergonha de cantar.