O monstro literalmente dorme ao lado. Sim, o monstro. Mas não se engane, esse não é caricato como os que estamos acostumados a ver em filmes e programas de TV. Ele é um ‘lobo em pele de cordeiro’. Muitas vezes repousa ao seu ombro, como fiel companheiro, sempre pensando em preservar intacto seu disfarce. Estes tipos de monstro, infelizmente em ascensão no reinado da realidade, são proficientes na arte da manipulação, enganação e sedução. O pior da história é que, assim como em contos de vampiros, muitas vezes nós mesmos acabamos convidando esses monstros para dentro do nosso lar.

O assunto é complexo. É difícil falar do monstro. Dos estragos que ele faz, de suas ações, do horror que ele causa. Entretanto, para que a história tenha fim, é preciso sim que suas monstruosidades sejam tópicos de conversação. As denúncias de violência sexual infantil crescem a passos largos na Capital do Vinho, expondo um cenário espantoso de violação de crianças e adolescentes. Como agravante, em grande parte dos casos o agressor é o próprio padrasto, gerando danos psicológicos severos e de difícil recuperação a quem até então via nele a possibilidade de uma nova figura paterna. Como esquecer tal brutalidade? Como superar a aversão? O medo? A vergonha?

Dizem que o monstro é doente, que passou pelo mesma situação antes de ser ‘transformado’. Mas então, como quebrar o ciclo? Quantos novos terão que surgir antes que a situação seja controlada? O que podemos fazer a respeito? Pois bem, como dito anteriormente, o assunto é complexo. Porém, nesta guerra também temos nossas armas. Nossas melhores chances de derrotar o exército de monstruosidades é a denúncia. De forma anônima, por telefone, email, pessoalmente, pessoal ou informal, o método utilizado não importa. A ação sim. Só assim poderemos punir responsáveis, preservar nossas crianças e eliminar de vez o problema.