Com histórico familiar de câncer, Simone trava uma batalha envolvendo exames e cuidados para evitar o problema

Receber o diagnóstico de câncer é assustador. Relatos de pacientes apontam para momentos de pânico, insegurança e medo do que poderá acontecer durante essa fase. Mesmo com avanços na ciência, nunca se sabe como serão as reações ao tratamento. Além disso, a família acaba sendo afetada, adoece junto. Esse não foi o caso de Simone Franzi, 42 anos, moradora de Bento Gonçalves que não foi diagnosticada com o problema. Porém, sua história vale ser contada nesse mês onde a prevenção é a norteadora das ações do “Outubro Rosa”. Simone tem histórico familiar quando o assunto é câncer. Seu pai, irmãos e primos já foram diagnosticados com a doença. Periodicamente, ela precisa realizar exames complexos para vasculhar o organismo, a fim de eliminar qualquer possibilidade de que tenha sido acometida pelo mesmo problema.

Em entrevista ao Semanário, Simone conta que já realizava exames periodicamente, porém, desde 2014, quando uma de suas irmãs foi diagnosticada com câncer de mama e uma prima com o problema nos ossos, que tempo depois se espalhou para as mamas, os médicos orientaram que ela realizasse exames aprofundados a cada seis meses por conta do histórico familiar. “É complicado você ver dentro de casa o problema. Eu realizava os exames anualmente e depois do diagnóstico da minha irmã e da minha prima, que veio a falecer aos 38 anos, fui recomendada em aumentar os cuidados”, explica.

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Por conta do problema familiar, ainda em 2014, Simone precisou realizar dois procedimentos cirúrgicos para exames, em virtude do aparecimento de nódulos em suas mamas. “Precisei fazer biópsia e fiquei apavorada aguardando o resultado. Mas graças a Deus o resultado foi negativo”, lembra. Após o procedimento, Simone foi orientada pela médica mastologista a realizar um estudo genético, com o intuito de pesquisar dentro de sua família se a doença foi herdada de algum familiar. “Por ter casos na minha família precisei redobrar os cuidados”, relata.
Além do caso de sua irmã, Simone conta que seus outros dois irmãos também já foram diagnosticados com a doença: um com câncer na tireoide e sua outra irmã com diagnóstico no olho direito, que depois foi localizado também na mama.

Auxílio da Liga

A ligação com a entidade começou quando sua irmã veio buscar apoio com a equipe de psicólogas. “Como ela (irmã) tinha plano de saúde, se conseguia realizar os exames e procedimentos sem gastar. Porém, eu não tinha e como eu precisava começar a fazer o controle a cada seis meses, me perguntei: e agora? O que vamos fazer? Cheguei na Liga e prontamente fui auxiliada. Aqui são anjos que Deus enviou para a terra”, afirma. Atualmente, ela realiza mamografias, ecografias e por conta de recomendação médica, ressonâncias magnéticas foram inclusas na prevenção. “Por estar realizando o estudo genético, a gente precisou incluir mais um exame e tudo isso custa caro e a Liga foi fundamental ao me ajudar financeiramente”, conta. “Sem a prevenção, o que aconteceria?”, indaga.

Tensão nos exames

Se alguém acha que a realização de exames de prevenção é mais tranquila de ser realizado, se engana. Quem afirma é Simone ao contar que toda a véspera dos procedimentos, o nervosismo bate à porta e a insegurança toma conta. “Um mês antes dos exames, eu venho até a Liga para agendá-los. E chego aqui muito nervosa, pensando que o resultado pode ser diferente daquilo que a gente espera receber. Você fica com esse receio, afinal existe um histórico na sua família”, explica. Muito unida, os irmãos de Simone abraçaram a situação e juntos vão em busca das informações que podem salvar suas vidas. “A gente se ajuda. Todos têm a consciência de que é necessário atenção para o problema. A gente tá bem ciente de que é preciso prevenir”, ressalta.

Questionada sobre um resultado diferente do esperado, Simone garante que está preparada para enfrentar a doença. “Sempre esperamos pela melhor notícia, tentando enfrentar essa pressão. É bem pesado. E se aparecer alguma coisa, que Deus queira que não apareça, vamos de cabeça erguida, enfrentando”, garante.

Importância da prevenção

A história de Simone é diferente daquelas que se está acostumado conhecer, porém, não menos importante. Enquanto muitas buscam tratamento após receber o diagnóstico da doença, ela encontrou na prevenção a arma para seguir com a sua vida. “Tem que abrir o olho, ir atrás. Não é porque não há diagnóstico na família que a gente não seja propensa a ter a doença. Quanto mais cedo, melhor”, observa.

Estudo genético

Após os casos dentro da família, Simone buscou entender de onde tudo isso poderia ter surgido. Foi aí que recebeu a orientação para realizar um estudo genético em Porto Alegre. Ela conta que já realizaram duas etapas, a fim de encontrar respostas que possam ajudar no controle e na prevenção de seus familiares, em especial sua sobrinha, filha de um de seus irmãos. “Minha família topou e aí iniciamos o processo. Fomos umas sete vezes para Porto Alegre, a fim de coletar material, consultar e agora, um dos procedimentos será enviado aos Estados Unidos para ver se a gente consegue novas descobertas”, relata.