Embora haja ocorrências da doença da pinta preta, setor avalia que safra deve ter excelente qualidade e quantidade

A perspectiva com a safra de citros, o segundo maior cultivo de Bento Gonçalves e região, é positiva. Segundo projeção da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), a produção deve ter uma quantidade considerável, com boa qualidade, embora haja ocorrências esporádicas da doença da pinta preta. Um produtor ouvido pelo Semanário também está otimista com os resultados.
De acordo com informações da Emater, a safra iniciou na semana passada, quando começaram a ser colhidas laranjas do céu e limas. Segundo análise do técnico da Emater em Bento Gonçalves, Thompson Didoné, são cerca de 135 hectares da fruta produzidos no município, sendo que há produtores que sobrevivem somente com a citricultura. “Temos pelo menos três câmaras para armazenamento de citros nas localidades de Faria Lemos e Tuiuty. Eles são cultivados justamente nas regiões de microclima, como a encosta do Rio das Antas, que é menos propícia à ocorrência de geada”, observa.
Didoné também pontua que a fruta produzida na Serra Gaúcha tem diferenciais relevantes com relação ao restante da produção no país. “Porque temos amplitude térmica elevada. O clima ameno durante o dia e frio durante a noite faz com que a fruta fique mais colorida, que seja mais doce. É uma fruta que tem um pouco menos de suco do que aquela que vem de São Paulo, mas é muito mais saborosa”, compara.

O problema da pinta preta

Embora as perspectivas sejam positivas, o principal problema apontado por Didoné é a ocorrência da doença da pinta preta. Ele explica que antes mesmo da fruta amadurecer, ela cai. “O tratamento inicia lá no inverno, tem que começar as pulverizações. Isso precisa acontecer para diminuir a população de fungo na primavera, quando ela se desenvolve”, explica. Ele também avalia que os produtores que não fizeram o controle vão ter perdas relativamente grandes.
Outro problema apontado por Didoné à citricultura é o minador, inseto que causa prejuizo sobretudo para as plantas novas. “Os pomares que não receberam controle e manejo adequados terão muitas frutas caídas”, observa. A mosca das frutas também é uma praga que atinge os pomares.

Produção que vai para outros estados

O produtor Antônio Sikorski, que cultiva cerca de 150 toneladas em Tuiuty, próximo ao Rio das Antas, enfatiza que se o clima continuar colaborando, a qualidade da fruta será boa. “Vamos ter bastante produção, muitas bergamotas. A quantidade varia muito, tem anos que dá um pouco mais ou menos”, comenta.
Ele coloca que a mosca da fruta castiga suas plantas e que os vários dias sem chuva, interruptos, também prejudicou. “Mesmo assim a fruta é mais doce aqui na Serra, bem mais que a do Vale do Caí”, afirma.
Embora sua produção seja relativamente grande, Sikorski conta que pouquíssimo fica em Bento Gonçalves ou em cidades próximas. “Boa parte vai para a fronteira, para Salvador e Mato Grosso”, observa.
O Brasil é um dos principais produtores de laranja do mundo, responsável por mais de 60% das exportações mundiais de suco da fruta. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), a safra de 2017 foi de 245 milhões de caixas e a tendência é que haja um crescimento neste ano, visto que há investimento em tecnologia para melhorar a qualidade das plantas.