Os calores, característicos desse período, ocorrem porque a diminuição dos níveis de estrogênio afeta o centro termorregulador, região do cérebro responsável por regular a temperatura do organismo. Isso detona um verdadeiro descontrole térmico, afirma César Eduardo Fernandes, presidente do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Climatério e professor livre-docente da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. Mais do que um tormento, a chegada dos fogachos deve ser encarada como um aviso. As vítimas dos calorões vão passar pela menopausa o término da menstruação e da vida fértil, diz Fernandes. Os calores e outros sintomas podem permanecer até cinco anos depois da menopausa.

Algumas mulheres, no entanto, atravessam o climatério sem sentir qualquer incômodo, sobretudo aquelas que têm vida saudável. Porém, a maioria não é acometida somente pelas ondas de calor. Pode sofrer também diminuição da libido, provocada pela secura vaginal, falhas na memória, fadiga, irritabilidade, insônia, ansiedade e depressão. Para atenuar esses incômodos, surgiu a terapia de reposição hormonal (TRH), indicada por muitos ginecologistas assim que os primeiros sintomas começam a surgir. A TRH, no entanto, não é obrigatória nem recomendada a todas as mulheres, pois aumenta o risco de algumas doenças, inclusive o câncer.

Uma pesquisa do programa americano Women´s Health Iniative de 2002 apontou que oito mulheres a cada 10 mil tiveram câncer de mama após cinco anos de terapia hormonal. Considero os riscos pequenos em relação aos benefícios, como alívio de sintomas físicos e emocionais e prevenção de perda óssea. Em resumo: melhor qualidade de vida, diz Fernandes. O endocrinologista Geraldo de Medeiros, professor da Universidade de São Paulo, é da mesma opinião: Sou totalmente favorável à terapia como uma maneira de evitar o envelhecimento precoce da mulher. O tratamento deve ser individualizado e a tendência é receitar a dose mínima de hormônios, suficiente para diminuir os sintomas.

Prevenção

A ginecologista, obstetra e homeopata Betina Bittar, de São Paulo, prefere apostar na prevenção. Antes de entrar com sintéticos, uso complementos alimentares e ervas medicinais para prolongar o bom funcionamento do ovário, explica. O organismo, a partir de uma certa idade, não absorve tão bem os nutrientes dos alimentos. Por isso, forneço vitaminas e ácidos graxos essenciais, que ajudam o organismo na produção de hormônios. Se mesmo assim as ondas de calor e outros sintomas continuam, ela opta por acupuntura, fito-hormônios, como a isoflavona de soja, ou pelo tratamento homeopático. Só recorro à reposição hormonal química quando estão esgotadas todas as outras possibilidades.

Apesar de muitos médicos questionarem a eficácia dos fito-hormônios, Betina garante que suas pacientes respondem positivamente ao tratamento. A ginecologista Amélia Elisa Seidl, do Hospital Leonor Mendes de Barros, em São Paulo, alerta que não existem pesquisas comprovando os benefícios da isoflavona em termos de prevenção. O ideal é começar a se prevenir com a chegada dos 40 anos, aconselha Ângela Maggio, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ela também recomenda duas visitas anuais ao ginecologista para monitorar alterações decorrentes do climatério, como mudanças hormonais, diabetes e perda da densidade óssea.

Cuidados já

As ondas de calor e outros sintomas podem ser evitados com alimentação saudável, prática de exercícios e controle do stress. Procure andar cerca de 45 minutos a uma hora todos os dias. Caminhar libera endorfinas, que provocam sensação de bem-estar, fixam o cálcio e combatem a obesidade. Evite alimentos gordurosos e prefira leite desnatado, queijo branco, ricota, iogurte, peixes, aves sem pele, carnes magras, frutas e alimentos ricos em fibras. Com o declínio do estrógeno, há uma alteração na produção do hormônio masculino testosterona, que aumenta o apetite e leva ao acúmulo de gordura no abdome, que pode resultar em uma barriguinha inconveniente. É importante também hidratar bem o corpo. As fumantes devem pensar seriamente em largar o vício. Segundo um estudo de médicos do instituto de saúde pública norueguês e da Universidade de Oslo, na Noruega, fumar acelera a entrada na menopausa. Após avaliarem mais de 2 mil mulheres, os pesquisadores concluíram que o risco de antecipação da menopausa é proporcional aos anos de vício e ao número de cigarros.

Fonte: mdemulher.abril.com.br