O POVO, UNIDO!
Diz a máxima popular: “o povo, unido, jamais será vencido”. Pois aqui, no Brasil, SEMPRE foi vencido e pela sua própria omissão, descaso. Os parlamentares fizeram ao seu bel prazer um lixo de Constituição que lhes autoatribuiu benesses e poderes jamais imaginados em qualquer país sério e decente. Aqui, introduziram goela abaixo do povo uma verdadeira “ditadura parlamentarista” disfarçada em democracia, graças a essa omissão do povo brasileiro que, temeroso e anestesiado por uma ditadura militar, não percebeu o que estava sendo gestado pelo Congresso Nacional. Resultado: deputados, senadores e vereadores passaram a ter controle total sobre os poderes executivos e judiciários. Aceito contestações FÁTICAS, com argumentos sólidos, não “achologia” ou tergiversações.

MAS, E AGORA?
Foi assim até o surgimento das redes sociais. Atualmente, todos podem ter acesso a elas e nelas emitir opiniões, repassar outras opiniões (fáticas ou bobagens inomináveis, estas bem mais reproduzidas) e protestar, com ou sem razão. Agora, a expressão “o povo, unido, jamais será vencido”, começou a ganhar corpo e amplo significado. Aqui, em Bento Gonçalves, sempre fui uma voz solitária a protestar, nesta Coluna, sobre as “benesses” que os vereadores foram se atribuindo ao longo dos anos. Obviamente, “uma andorinha só não faz verão”. Mas, fiz a minha parte, né?

AGORA MUDOU!
Porém, eis que uma Resolução da Mesa Diretora, que tem como presidente Rafael Pasqualotto (PP); como Vice-presidente o vereador Jocelito Tonietto (PDT); Primeiro-secretário vereador Paulo Roberto Cavalli (PTB) e Segundo-secretário vereador Sidinei da Silva (PPS) decidiu conceder um “VALE GASOLINA” de 140 LITROS POR MÊS aos nobres vereadores. A grita foi generalizada e intensa nas redes sociais, provando que o povo já não aceita bovinamente o que lhes querem socar goela abaixo. Prova de que algo mudou, não?

E COMO MUDOU!
Na década de 1970, tínhamos vereadores dos distritos de Pinto Bandeira, Monte Belo, Santa Tereza e São Pedro. Lembro do Bertarelo, do Consoli, do Pavan, do Ferronato e outros que se deslocavam em estradas de chão, horríveis, com seus próprios carros, para as sessões ordinárias (uma vez por semana, como hoje) e extraordinárias, além de outros compromissos do mandato. O único pagamento que recebiam eram os agradecimentos da população pelos serviços prestados. Digladiavam-se no plenário e depois da sessão havia jantar de confraternização e cada um pagava sua própria conta. Não eram remunerados, tinham despesas e arcavam com elas. E eram VINTE E UM vereadores que se sentiam HONRADOS por exercerem a função e representar o povo.

RESOLUÇÃO CANCELADA
A reação da população nas redes foi, realmente, intensa. Tanto que a Mesa Diretora da Câmara decidiu cancelar a “Resolução 239/19”. O argumento de que “ficaria mais caro fazer concurso para contratar mais motoristas e adquirir mais veículos” deixou de existir, na quinta-feira, dia 24. Quem ganha mais de DEZ MIL REAIS de salário, UMA sessão por semana (como era em 1970) e em um monte de assessores, não precisa de gasolina nem veículos pagos por nós, povo, ainda mais quando se tem carências na saúde do município, né?

PORÉM…
Claro que a população precisa saber que CINCO vereadores, ANTES do cancelamento do “brinde gasolina” havia RENUNCIADO a ele. Os vereadores que abriram mão do “benefício” imediatamente foram: Moacir Camerini, Gilmar Pessutto, Moisés Scussel, Gustavo Sperotto e Agostinho Petroli. A eles, pela compreensão e compromisso com o dinheiro dos impostos que pagamos, a Coluna cumprimenta. Parabéns, vereadores! E a Coluna cumprimenta, também, aos membros das redes sociais que compuseram a “rede de indignação” que se multiplicou geometricamente em pouquíssimo tempo. Era mais do que hora de se mostrar “quem manda” e quem “deve obedecer”. Espero que todo o Brasil tome conhecimento do ocorrido em Bento Gonçalves. “O povo, único, não pode ser vencido”. Nem mesmo por parlamentares autopoderosos.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Claro que até o menos esclarecido e culto dos brasileiros sabe, perfeitamente, que o atual modelo de previdência está falido e precisa ser modificado. Escrevi, já em 1982, que não havia como sustentá-lo por muito mais tempo. Na época, Jair Soares, então Ministro, enfiou mais 8% de aumento nos combustíveis “para manutenção da previdência”, e outros impostos foram criados. Não há mais como aumentar ou criar impostos aos brasileiros. Então, creio que Bolsonaro e seus ministros e assessores – inclusive os militares – queiram fazer uma reforma na qual TODOS os brasileiros tenham os mesmo direitos e obrigações. Ou farão?

ÚLTIMAS

Primeira:
A Lei de Acesso à Informação foi modificada. O poderosíssimo vice-presidente, Hamilton Mourão, assinou decreto neste sentido. Muitas opiniões virão a respeito. Mas, o importante é: o povo continuará a ter acesso às informações a que tem direito?

Segunda:
Depois de ler e ouvir centenas de “opiniões” a respeito da posse de armas, passei a me questionar: nossa cultura, intolerância e ódio permitem armas em poder de povo assim?

Terceira:
Claro que continuo pensando que “o benefício da dúvida” é importante. A bandidagem terá que pensar duas vezes ANTES de atacar uma residência ou estabelecimento;

Quarta:
Os casos “kit de 1ºs socorros” e “extintor de incêndio” estão sendo revividos com “as placas do Mercosul”? Afinal, quando saberemos QUEM ganha com essas “coisinhas”?

Quinta:
O percentual que limita as despesas com o funcionalismo dos poderes no Brasil inclui os “terceirizados”? Ou será uma “formula secreta” para contratar “correligionários”?

Sexta:
Afinal, quando a fiscalização da “vaga rotativa” e “vagas especiais” serão, efetivamente, fiscalizadas em Bento?

Sétima:
E, afinal, QUANDO teremos a elaboração de um NOVO PLANO VIÁRIO para a cidade? Até quando teremos que suportar o caos atual do trânsito?

Oitava:
Emancipações: quem assistiu ao Fantástico domingo e leu minhas colunas nos últimos 25 anos deve ter notado muitas coincidências;

Nona:
O “ruralito”, autêntico “campo de provas” que Grêmio e Inter utilizam para a Libertadores tem se mostrado eficiente. Os resultados dizem isso. Ou não?