O NOVO PRESÍDIO
Eu estou entre aqueles que não festejam o surgimento do novo presídio em Bento, mas também não posso deixar de reconhecer que é necessário. Meu estilo de cadeia é esse: ou o preso trabalha, enquanto preso, para pagar a hospedagem, ou paga a hospedagem como quer o Presidente Bolsonaro. Ou, na pior das hipóteses, entra em um regime de socialização e profissionalização para ser reintegrado à sociedade e exercer uma profissão, considerando, neste particular, que cerca de 70% dos presos que saem da cadeia voltam para a cadeia. Está certo o Presidente Bolsonaro quando diz que “se a cadeia é ruim melhor o preso não ir morar lá”. Quando foram marcar a data da inauguração do novo presídio de Bento, “faltava isso, faltava aquilo”, veio o Governador vistoriou e disse “vamos fazer e inaugurar”. Nesse meio tempo, Fernandinho Beira-Mar, o maior traficante da América Latina apareceu, intelectualizado (óculos de tartaruga) nas redes sociais anunciando que lê 12 livros ao mês, faz curso superior, não fala gírias, não tem tatuagens, virou – a observação é minha, “um intelectual do presídio”. Nos tempos de definição do novo presídio eu temia muito a federalização, quer dizer, construí-lo com verbas federais – pois assim, Moro, Bretas, Dall Agnol, enviariam a Bento os Fernandinhos Beira-Mares.

BEIRA MAR
Pois agora eu até gostaria de ter o FERNANDINHO, regenerado preso em Bento, daria uma grande “contribuição para a socialização dos presos”, leria e emprestaria livros, daria um chega prá lá nas facções que andam por aqui e, assim, ou teríamos uma nova categoria de presos catequisados pelo Beira-Mar ou ele acabaria – dizimado na prisão. Pablo Escobar, Chapo, diziam que traficante vende drogas não consome drogas. Fiel ao dogma, Fernandinho “não fuma nem maconha”. Bem, o presídio de Bento não é federal, é estadual, logo Fernandinho não virá para cá. A propósito, qual a igreja que “regenerou” Fernandinho?

A VIDA CARCERÁRIA
A nova cadeia de vai estar lotada “de cara”; os presos sairão de uma condição de vida carcerária deprimente para condições de vida mais digna. Casa, comida, roupa lavada, atividades esportivas, banhos de sol. O Presidente entende que os presos deveriam pagar por esta hospedagem, e não o povo brasileiro. Quem sabe, talvez, ajudando o Exército Brasileiro a concluir a pavimentação da BR 116, por exemplo. O que não entendo e não consigo assimilar é ver preso em cadeia nova, assistidos, não trabalhando, não se profissionalizando ou não pagando pela “hospedagem”. Concordo plenamente com o Presidente, “se cadeia é ruim melhor não estar dentro dela”. O Brasil precisa ser reconstruído, em tudo, inclusive na forma de gestão da população carcerária. De sã consciência dá para imaginar festejar a construção de um novo presídio? Não seria melhor não tê-lo? Termos mais abrigos nas paradas de ônibus, mas praças, mais creches, mais instituições que atuem para “bloquear” a “fábrica” de presos?

ALDO CINI, UMA VIDA…
O lançamento da bibliografia de ALDO CINI, foi um acontecimento ímpar, estava aí o que chamo de “líder silencioso”, ele vai fazendo, fazendo, articulando, orientando, e, de repente, sua obra aparece plena, material e espiritualmente. Nos anos 70 participei da inesquecível VOLTA AO VÊNETO, uma aventura pela Itália da qual participaram Prefeitos, lideranças e autoridades da região. Uma longa história. Cerca de 120 pessoas, 34 dias de viagem dos quais em torno de 8 dias de espera em aeroportos. Aconteceu de tudo. Em Bruxelas, estava no saguão do hotel, quando, de repente, igual TARZAN na floresta, lá estava Aldo Cini. Incrédulo, perguntei: “mas Aldo, o que tu está fazendo aqui”? E ele, com aquele sorriso tímido, olhos arregalados, cabeça em posição de sentido, respondeu: “abrindo frentes”. Nunca mais esqueci. Foi uma vida de peregrinação em busca do amanhã, visionária, de conquistas palmo a palmo como uma guerra na selva, mas ai está a obra: uma família bem constituída com visão de futuro, um complexo industrial, uma vida saudável ao lado de D. Ordália. Deveríamos ter uma biblioteca cheia de livros bibliográficos das lideranças de Bento, o de Aldo Cini ocuparia a posição de honra, ele retrata a saga de um homem vencedor.

CANTA MARIA, LATITUDE 29
O casal Camilo e Jaqueline Geremia dá ares de festa desde que recepciona amigos e clientes, até o atendimento. Camilo está alinhado no perfil GEREMIA, cordialidade, bem estar, atenciosidade, estar com eles é estar em casa. Jaqueline é criativa e parceirona. Assim, não foi difícil criar um clima de festa na comemoração dos 20 anos do Canta Maria, presença de um círculo restrito de clientes, amigos e funcionários da casa. Aconteceu de tudo, um pouco de cada coisa boa, presença de Influenciadoras Digitais (está na moda em Bento também), uma delas em seu esplendor visual despencou no chão mas o acontecimento fez parte do brilhantismo da festa. O “cover” do Elvis Presley, Fabiano Feltrin, perdeu espaço entre nós com a revelação e ascensão de Henrique Tecchio como revelação musical. Aguentei três horas de boa comida, bons vinhos, papo de amigos, cordialidade da equipe da casa. Não costumo cansar, mas cansei tal a intensidade da comemoração. Depois que saí, a festa tomou um rumo diferenciado. Quem será o futuro Prefeito de Bento? Não sei, não estava na pauta da festa.