Liderança ressalta a importância da feira que visa mobilizar as diferentes iniciativas para impulsionar o setor ambiental

A principal feira do Sul do país voltada para o segmento de gestão ambiental: a Fiema Brasil chega à sua 8ª edição entre os dias 10 e 12 de abril, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Nesta edição, a feira aposta na integração entre pesquisas e tecnologias, duas frentes essenciais no que tange às melhorias que podem ser aplicadas no presente visando à promoção de empresas mais sustentáveis. Em entrevista exclusiva ao Semanário, o presidente Jones Favretto fala sobre as expectativas, conquistas alcançadas e o futuro de Bento Gonçalves.

Jornal Semanário: Quais os principais resultados já conquistados através das Fiemas já realizadas?
Jones Favretto: A Feira de Negócios e Tecnologia em Resíduos, Águas, Efluentes e Energia (Fiema Brasil), tem o objetivo principal de difundir tecnologias, estimular novos negócios na área ambiental. Portanto, queremos tornar a nossa região e Estado em um polo de negócios voltados a este setor. E a gente já começa a perceber esses sinais por aqui. Já podemos ver o crescimento da Fundação Proamb, que é a promotora da Feira, tornando-se um grande negócio e nos mostrando que aquilo que ouvíamos no passado, ainda quando éramos crianças, de que o lixo seria o luxo, nós já estamos chegando nesse momento. Temos percebido o surgimento de novos negócios e o aprimoramento dos já existentes. O grande legado que a Fiema deixa a cada edição é o estímulo. É difícil de mensurar o quanto isso tem impactado nas pessoas. Desde que a feira iniciou, ela foi visitada por milhares de pessoas, que na época eram estudantes e que hoje são empreendedores ou colaboradores de empresas ambientais.

JS: Para esta edição, quais as perspectivas, participações e objetivos a serem alcançados?
Favretto: Temos trabalhado fortemente na prospecção de expositores. Nós viemos de uma crise muito forte que atingiu o país inteiro e queremos realizar uma feira em seu tamanho ideal, com diversos participantes, novos e outros que já são parceiros, de pequeno e grande portes, o que mostra a diversidade e oportunidade de crescimento, além do nosso FiemaCon, que são os seminários e congressos. Nosso meeting empresarial esse ano contará com a presença do presidente da Tramontina, Clóvis Tramontina, o diretor da Amana-Key, Oscar Motomura e também o presidente da Duratex, Antonio Joaquim de Oliveira, que vão estar aqui em Bento transmitindo as suas ideias.

Público estimado para o evento deve chegar a oito mil pessoas. Foto: Divulgação

JS: Qual é a importância básica de um evento como a Fiema?
Favretto: Se nós olharmos a nível nacional, existe apenas uma feira ambiental em São Paulo e outra aqui em Bento. E o que chama a atenção de muitos visitantes é a capacidade que a cidade possui em realizar um evento desse porte. Exemplo disso foi a última edição, quando uma comitiva do Canadá esteve por aqui e ficaram impressionados em como um município de pouco mais de 115 mil habitantes conseguiu organizar um evento ambiental. Para nós é uma iniciativa pioneira, e que coloca Bento Gonçalves como polo na realização de feiras nos mais diversos setores, moveleiro, empresarial, vitivinícola, etc.

JS: Como você vê a questão do respeito ao meio ambiente e a consciência ambiental? Em Bento Gonçalves, estamos em evolução ou isso ainda é uma dificuldade por aqui?
Favretto: A conscientização e as práticas ambientais avançam, no meu entender, em duas frentes: primeiro, a legislação e, em segundo, a gestão de resíduos, que ajudam a mudar esse cenário. Se olharmos para Bento Gonçalves, o que mais impressiona os visitantes é a questão da limpeza na cidade, porém, temos muito que avançar. Os investimentos que o município irá fazer para a inserção de novas tecnologias que visam gerir os resíduos através de projetos, é resultado da força que a Fiema e a Proamb tem, ao desafiar o Poder Público a acompanhar o que muitas empresas já estão realizando nessa área.

JS: Bento Gonçalves é o melhor local para se realizar a Fiema? A participação flui normalmente?
Favretto: Eu acredito que aqui temos condição de sermos um propulsor dessas ideias e negócios, porque aqui é um atrativo natural. As pessoas gostam de vir às feiras, passear na Maria Fumaça, os vinhos. A cidade é um atrativo. Além disso, nós temos uma beleza natural muito grande, sem contar com a conscientização do povo e das lideranças empresariais em liderar esse processo de gestão ambiental. Bento Gonçalves sempre foi um laboratório e possivelmente seremos também nessa questão de resíduos sólidos que deverá se espalhar pelo resto do país.

JS: A questão do enoturismo contribui para o sucesso da Fiema?
Favretto: Com certeza. Todo mundo quer vir para Bento Gonçalves. Em algum momento vão vir, por essa questão do enoturismo. O vinho tem um apelo muito forte, tem uma história, uma cadeia muito longa, que vai desde os produtores, as vinícolas e aí quem vem à Bento consegue vivenciar, participar dessa história.
JS: E as condições de infraestrutura da FundaParque? São satisfatórias?
Favretto: Houve uma evolução muito grande no parque. Ele foi pensado para a realização de feiras. Ele está com toda a documentação legalizada para todas as edificações e para a Fiema, principalmente, por ser realizada no Pavilhão E, o local é propício para isso, pois ao sair dos seminários, o público está interagindo diretamente com os expositores. Então, para nós, o local é totalmente adequado.

FiemaCon receberá seminários e congressos para debater ideias. Foto: Reprodução

JS: Quais são as expectativas e o perfil do público visitante?
Favretto: Nós trabalhamos com a expectativa de sete a oito mil visitantes, formado por diretores de empresas, gestores, diretores, engenheiros, técnicos em segurança do trabalho, médicos, advogados que vem aprender e buscar soluções para os seus negócios. Muitas pessoas vêm até a Fiema para buscar inspiração, ver oportunidades. Hoje, a feira ainda é pequena, mas tem muito a avançar. A área ambiental tem um espaço muito grande de crescimento.

JS: Nesta visão de liderança, como você enxerga o desenvolvimento empresarial da cidade, em relação aos conceitos ecológicos e ambientais?
Favretto: Se olharmos como éramos há 30 anos e comparamos com os dias de hoje, a evolução é fantástica. Impulsionada pela legislação, capacitação e informação, houve uma mudança muito grande. Hoje, quem empreende sabe qual é a destinação final correta. A maioria das empresas insere a questão ambiental em seu negócio, porque sabe que isso ajuda a vender. É um conjunto de ações que fazem com que os negócios no setor ambiental cresçam. O empresariado incorporou isso no seu dia a dia, tanto que Bento foi pioneira nessa destinação. Fazemos isso há quase três décadas e, hoje, acabamos destinando os resíduos de outros lugares para um local adequadamente projetado. Temos muito que nos orgulhar disso.

JS: Como você vê Bento Gonçalves?
Favretto: Eu me sinto orgulhoso em morar aqui, por ser uma cidade progressista, organizada, com pessoas, muitas vezes, trabalhando voluntariamente para a comunidade. Não podemos simplesmente estar dentro da comunidade, pensando apenas que nós iremos usufruir dela. Nós temos que contribuir com a sociedade. Acho que Bento Gonçalves tem muito desse espírito, por ser pequena, fundada pela colonização, através dos imigrantes, buscando a integração, a fim de haver interação entre as comunidades. Eu tenho uma visão otimista. Existem pontos negativos, sim. Qualquer cidade tem. Nós temos problemas com a segurança, tratamento de esgoto, etc. Mas isso tudo está sendo trabalhado para se resolver, seja ele pelo Consepro, a sociedade ou pelo Poder Público. Bento Gonçalves proporciona um ambiente favorável aos negócios, a empregabilidade. Eu vejo isso como positivo.

JS: E as questões do aumento da marginalidade, inclusão social, bairros com renda abaixo da linha da pobreza. Como podemos mudar essa realidade em Bento?
Favretto: Há diversos avanços na área governamental, mas a solução da maioria dos problemas vem do crescimento econômico e de políticas públicas voltadas a essas pessoas. Mas para isso ocorrer é preciso haver crescimento do país, da cidade, pois, com o avanço dos negócios se geram recursos que possam atender essas demandas, seja na saúde, na educação e segurança. Tem que haver uma gestão pública eficiente. É preciso produzir resultados. No caso das prefeituras, que não podem gerar lucro, é preciso mostrar conquistas para a sociedade. A população quer baixos índices de criminalidade, emprego, saneamento, boa escola e para isso precisa crescimento dos negócios em todos os níveis.

Favreto acredita que há avanços na conscientização ambiental . Foto: Reprodução

JS: Bento Gonçalves no futuro.
Favretto: Eu vejo uma cidade melhorando em alguns indicadores, como a educação, saúde, saneamento. Bento Gonçalves já desponta nisso, tem potencial para ser uma das melhores cidades do país e ela precisa melhorar muito na área de saneamento. Se olharmos os Índices de Desenvolvimento Humano, estamos bem colocados, mas acabamos perdendo alguns pontos nesses quesitos. Acredito que daqui a 10 anos vamos estar muito próximos do topo e sendo exemplo para muitas cidades. Vai depender de uma continuidade de boas gestões que foquem na solução de problemas e ações para que os negócios se desenvolvam. Com o bom uso desses recursos, que não são poucos, a gente consegue projetar uma cidade muito progressista daqui uma década.