Profissionais da ilha caribenha já se despediram da região após término do vínculo que iniciou em 2013 com o Brasil

O programa Mais Médicos foi criado pelo governo federal para suprir a falta de profissionais nas cidades. Porém, na última semana, o acordo que envolvia Brasil e Cuba acabou sendo rompido, com os profissionais de forma imediata deixando o país e retornando para a ilha caribenha. Com a saída, o sistema de saúde brasileiro tenta se readequar de forma ágil para diminuir os impactos provocados pela decisão política.

De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a saída de cubanos do programa Mais Médicos afetará 28 milhões de pessoas. “Entre os 1.575 Municípios que possuem somente médicos cubanos do programa, 80% possuem menos de 20 mil habitantes”, pontuou a entidade.
Os municípios da região foram diretamente atingidos com a decisão. Monte Belo do Sul, por exemplo, ao longo do programa, teve dois médicos cubanos realizando atendimento aos pacientes da cidade: Elsy Teresa Montalvo Escobar e mais recentemente, Mailen Sosa Arcia, esta desde 2016.

De acordo com a secretaria de Saúde, Ana Maria Somensi Bruschi o encerramento do acordo pegou a todos de surpresa. “Tanto nós, como doutora fomos surpreendidos com a notícia. Nos deixou muito entristecidos pela forma como aconteceu e pela quebra do processo que estava tendo um excelente resultado para a cidade”, lamenta.Ainda segundo Ana, os profissionais cubanos, em especial Mailen fizeram um grande trabalho na cidade com a população.

Outros impactos também estão em termos financeiros e na falta do profissionais trabalhando, conforme Ana. “O médico brasileiro custa mais caro, é algo em torno de cinco vezes dependendo do profissional. Hoje, estamos em fase de licitação por empresa, em virtude que a banca de nomeação por concurso está esgotada. Ela está sendo encerrada na próxima sexta-feira. Temos duas empresas inscritas e na abertura dos envelopes. Vai suprir um médico, mas precisamos de dois”, explica.

O valor pago para Mailen girava em R$3 mil, somado auxílio moradia e alimentação.
Em Carlos Barbosa, duas vagas foram direcionadas ao longo do programa, sendo ocupados por quatro profissionais. Michell Ayra La O e Andres Rafael Ajete Llerena, trabalharam no distrito de Arcoverde e no bairro Vila Nova. Os custos para o município variavam entre R$2.600 e R$3.200.

Já Bento Gonçalves, tinha apenas uma médica cubana, Beatriz Antonia Verdecia Rodriguez, que trabalhava na ESF no bairro Conceição. Beatriz se despediu na terça-feira, 20 de novembro.
De acordo com o secretario de saúde, Diogo Siqueira, o impacto para o município com a saída da profissional é pequeno, ao contrário do que ocorre nas cidades vizinhas. “Financeiramente é praticamente igual, pois o governo brasileiro paga o valor mais alto para os profissionais. A diferença é que o programa é voltado para atenção comunitária, de saúde da família, ao contrário dos demais. Como é apenas uma médica, podemos esperar a vinda de nova indicação, sem maiores transtornos”, avalia.

Segundo Siqueira, o valor repassado pelo município para Beatriz girava em torno de R$2 mil. O mesmo valor é pago para os outros dois médicos brasileiros que fazem parte do programa.
Das outras cidades da região, apenas Santa Tereza contava com profissional cubano. A cidade aguarda nomeação de outro médico para a vaga. Já, Pinto Bandeira e Garibaldi, não contavam mais com o serviço.

Nova fase tem 84% de inscritos

O governo agiu rápido e divulgou inscrições para médicos brasileiros acessarem o programa. O prazo está estendido até 7 de dezembro. Na sexta-feira, 23, o Ministério de Saúde informou que recebeu a inscrição de 19.994 pessoas, ocupando 84% das vagas. 13.341 dos candidatos apresentam registro válido. Deste grupo, 7.154 já escolheram o local de trabalho.

 

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