O efeito Clóvis

Clóvis Tramontina na sua vida familiar tem extensão em Bento. Ele é casado com Eunice, da família Milan, das Lojas. Mas, empresarialmente, o GRUPO TRAMONTINA, não tem extensão em Bento. Tempos atrás circularam rumores que estaria comprando uma vinícola em Bento, nada se concretizou neste sentido. O grande líder, tem uma maneira simples de ser e de agir. Ao receber, no CIC de Bento, homenagem, com a entrega do troféu DOM, resumiu sua linha de ação: trabalho, foco, determinação, qualificação, planejamento e assessorias. Tenho particular admiração pela TRAMONTINA, sobretudo como faz as coisas e pela natureza humana de seus dirigentes, sempre cordiais, amáveis e solícitos. Clóvis encampou as áreas verdes de Carlos Barbosa, reformulou o trevo Farroupilha – Caxias – Vendelino e vai contribuir, com 5 milhões, para fazer um túnel de acesso a Barbosa, na São Vendelino. Impõe a suas empresas um visual impecável que inspira preservação ao meio ambiente. Clóvis e sua TRAMONTINA me reportam a então DREHER, de Carlos; a então ISABELA, de Moysés; nas suas essências de inspiração humana, ação comunitária e concepção empresarial, física e de atuação. Os tempos são outros? Não, os tempos sempre foram iguais, o que nos difere é o valor e a ação humana.

Aplauso na Univates

Na abertura da semana acadêmica dos cursos de gestão na UNIVATES, em Lajeado, mais de mil pessoas estavam no teatro da Universidade para ouvir Clóvis Tramontina. Lá, ele disse que conquistou os clientes inspirando confiança, falou sobre respeito ao meio ambiente e respeito ao consumidor. No particular de respeito ao consumidor devo ilustrar dizendo que tempos atrás, uma de minhas panelas preferidas, TRAMONTINA, foi esquecida no fogo. Liguei para a empresa para saber o que eu poderia fazer para tirar as profundas “marcas do queimado”. Me pediram para mandar a panela lá, mandei, consultado o polidor que é terceirizado, disseram que não havia solução. O que é que a TRAMONTINA fez? Recolheu minha panela e me deu uma nova. Descoberto o polidor, mandei a ele várias panelas amareladas, voltaram novas. Clóvis falou também que “o futuro está nas mãos da tecnologia e nas mãos das pessoas”.

Semear ideias e exemplos

Quem tem uma estruturada formação pessoal, quem exercita ações e participações comunitárias, quem tem em suas empresas um “case” a mostrar, deveria estar em peregrinação, nos colégios, no seio das entidades, nas faculdades, em debates comunitários, para cumprir a missão de estimular os jovens, apontar caminhos, formatar novos conceitos, seria muito importante que os jovens pudessem contar com esse calor humano. Eles estão, em alarmante número, desorientados com relação ao futuro, descrentes em relação ao Brasil. Tenho defendido isso pois não vejo, e não entendo, a ausência de líderes comunitários e autoridades, fazendo palestras em Colégios, debatendo nossos problemas comunitários transferindo seu saber, sua orientação e seus conceitos. Não nos basta ações para planejar nosso futuro, temos que debater abertamente os problemas sociais que estamos enfrentando, o futuro de nossos jovens e crianças.

Neste particular me chamou a atenção, me sensibilizou, a ação social da Paróquia Cristo Rei a 180 famílias selecionadas diante de seu grau de pobreza e necessidade de assistência. Disse o Pe. Gilmar Paulo Marchesini que a prioridade nesta ação é a alimentação das crianças dessas famílias, pois, segundo o Sacerdote, “uma criança que cresce mal alimentada é um problema certo no futuro”. E ele não falou em dar “balões” nos aniversários das crianças, falou em leite, carne, vitaminas.

O desbravar da Itália

Num jantar da fundação RENASCER DA SERRA, entidade ligada a segurança pública, fiquei ouvindo as histórias do “RESOLUTO”, como diria o saudoso Onorino Marini, FOLCLÓRICO, acrescentaria eu, EURICO BENEDETTI. Entre outras histórias e conceitos ele narrou viagem à ITÁLIA que fez em 1987, na companhia de Moysés Michelon, Dorvalino Pozza, Silvio e Álvaro Sandrin e Aldo Cini. Foram em busca de conhecimentos e tecnologia.

O “passeio” durou quarenta dias, depois de uma viagem via VARIG que durou “uma eternidade” e que “sacudia, sacudia, sacudia”, com o agravante de que “não tinha onde botar as pernas”. Bem, fizeram o que poderia tipificar hoje como “programa de índio”, visitando feiras, fábricas, tirando fotos com uma Kodak, depois de, quem sabe, terem feito em Bento um cursinho dinâmico com o “legendário” fotógrafo Pavoni. Na Itália, se interessaram pela compra de uma máquina que “fazia um pouco de tudo” na fabricação de móveis.

Combinaram preço, condições de pagamento, frete, essas coisas, falando italiano. Concluída a negociação, hora de pagar, com documento brasileiro. O empresário Italiano, que pensava que a “turma” era italiana, constatou que era brasileira e se recusou, segundo Eurico, a vender o equipamento. “Mas a Kodak funcionou” disse Eurico, “chegamos em Bento e fizemos aqui a máquina, foi um avanço”, disse. Perguntei se tamanho sacrifício de uma viagem longa e cansativa valeu a pena. Ele disse: “só valeu, foi nessa viagem que brotou a ideia da FIMMA e o futuro do ramo moveleiro se transformou”. Bem, mas em 20 dias – ou a viagem era de 20 ou era de 40 dias, coisa assim – faltavam alguns dias para voltar e o grupo se reuniu para ver o que fazer. “Vamos para a Alemanha”, eu disse, “vamos de trem” disse Moysés, “assim podemos dormir no trem e economizar hotel”, arrematou. E lá se foram rumo a visita ao “muro de Berlim”. Depois de onze horas chegaram na estação ferroviária.

Desembarque, alongamento, “POLIZEI” de imigração. “Visto, de entrada, por favor”. Alguém do grupo, ainda meio dormindo, gritou “visto, o que é isso”? “Visto de entrada”, respondeu a polícia. Em marcha o “parlando, parlando, se vá lontano”, mas, italiano em Berlim? Algumas horas de espera e veio o veredito policial: “serão extraditados, de volta ao trem!” Ao grupo restou o consolo de comprar, na estação, umas lembranças, pedras vindas do muro de Berlim e a sensação de pisar no solo que a GESTAPO e o HITLER pisaram. “Trem para que te quero”, iniciaram a volta. Moysés voltou a ocupar seu banco-cama e, os demais, certamente vociferando “porco cane”, “sacramenha”, “Dio Santo”, encararam as 11 horas “apreciando as paisagens”.

O muro foi demolido, não dá mais nem para cobrar da FIMMA uma viagem compensação com o visto, evidentemente. Nada de VIVA ZAPATA e sim VIVA EURICO que, de forma “cândida” e suave, me disse “tudo vale a pena”. Com certeza. “Santo Dio”, acabou o espaço, diria o EURICO.