Sempre fui muito empolgada com as coisas. Não dormia no dia anterior do primeiro dia de aula, porque não via a hora de usar meu uniforme e aquelas canetinhas novas. Ficava extremamente ansiosa antes de viajar de ônibus para ver meus familiares, e na noite anterior? Também não dormia. Natal, Páscoa, aniversário? Não dormia, pensando nos presentes de manhã. Adivinha se esses dias tão esperados eram tão bons quanto eu imaginava? Isso mesmo, uma droga. Nem que fosse pra tropeçar no próprio chinelo, eu conseguia estragar tudo com a minha ansiedade e empolgação.
Ficava mega empolgada em ganhar alguma coisa, em poder comprar alguma coisa, em ir para o Iguatemi fazer prestação de R$30 no cartão da Renner duas vezes ao ano.
Tem alguma coisa de errado em se empolgar? Sim e não. Na verdade a empolgação que sentimos não é a mesma sensação de gratidão por conseguir fazer aquilo. É um sentimento pobre, de que você não esperava e não se considera merecedor. O Universo entende e acata.

Mas é estranho pensar em tudo isso, não é? Sim, é mesmo. Porque estamos acostumados de outra forma. Quando li um artigo sobre esse assunto, pensei: então não posso nem contar para todo mundo aqui da minha coluna que eu comprei uma TV e ela chega amanhã? Pouxa, que chato, não é?
Quando Luciano Huck e Marcelo Rosenbaum vierem reformar minha casa, vou dar uma abraço em cada um e dizer: ‘oinn, obrigada queridos’. Vou estar sendo ingrata? Não, simplesmente não ficarei empolgada porque entendi que sou merecedora do que conquistei.

Prestando mais atenção é bem compreensível.

Mas não sejamos insensíveis. Quando passar em uma loja e entrar para comprar uma blusa que está na vitrine, deve ter alguém observando e pensando em como gostaria de fazer o mesmo, e talvez nunca poderá (o Universo irá corresponder a esse pessimismo ‘ela pode e eu não’). Então só seja grato por poder fazer isso e mais coisas boas poderá fazer.
Para algumas pessoas ir para o exterior e comprar um jatinho é normal, elas tratam isso no dia a dia e mais coisas desse tipo elas recebem. Ou por acaso Roberto Justus vai na loja de helicópteros e se joga no chão por estar realizando esse sonho? Ele vai estar feliz, mas não empolgado.

Assim como para as coisas boas, devemos fazer o mesmo com as coisas ruins, mas de uma forma diferente. Ignorando-as, porque não devemos nos sentir merecedores daquilo.
No final das contas, tudo é nada. O bom é nada, o ruim é nada.
Não ser empolgado não é ser triste, isto é para reconhecermos nosso valor, se conquistamos é porque merecemos. O caminho sim é mais importante do que a chegada, então aproveite suas vitórias naquele momento e sempre pergunte: e para hoje, o que temos?

Faça as coisas por você, se deixe ser mimado, sinta-se merecedor do que você pode ganhar e comprar. A sua energia só lhe trará mais do que estiver pensando.