Está circulando um texto chamado “A Geração de 60 e 70 está indo. Quem vai substituí-los?”. É um texto lindo que diz como as pessoas dessa geração eram felizes mesmo sem a tecnologia de hoje. Como os relacionamentos duravam mais, havia mais respeito, mais educação e mais amor ao próximo.

Queria compartilhar a sensação de estar nessa geração. Não da de 60 ou 70, mas me sentir como tal. De olhar para os lados, ver algumas situações tão constrangedoras e tão inéditas e me sentir impossibilitada de compreender o que está acontecendo.

O texto diz que o mundo foi construído por eles, e eu concordo. Mas vemos que tudo está sendo destruído. Qualquer indício de doçura, de compaixão e de solidariedade. Mas que mentira! Solidários todos somos, você não liga naquele 0800 para doar seu dinheiro? Eles tiram da sua conta pelo telefone, não é o máximo? É bem legal sim, mas você não viu ninguém com fome hoje? Porque você não doa aquela coberta que está sobrando na sua casa? Porque você não cumprimentou o porteiro? Porque você tratou o garçom como se não fosse digno do seu olhar? Porque você se acha melhor do que o outro porque tem um pouco mais de dinheiro?

Estava pensando outro dia, sobre como a gente vai ficando mais forte com as quedas. Em contrapartida também ficamos mais duros, mais ranzinzos. E então pensei que ainda bem que tudo foi daquele jeito, porque assim, esgotada de sentir tanta raiva e dor, decidi por seguir em frente. Aquele pensamento não foi errado, algumas coisas são como são. Mas existem pessoas que causam isso, achando que estão pensando no próximo, “vai ser melhor assim”. Gente, porque raios alguém precisa magoar outra pessoa para se afastar dela? E assim, sucessivamente, pessoas esmagam pessoas, até que elas fiquem deformadas de coração e de alma.

Me sinto muito privilegiada por ter amigos ainda que pensam como eu, amigos com quem eu possa contar ou simplesmente vê-los às vezes. É aquela velha piada, “se não morre ninguém, o Érico vem”. E assim mantenho no coração todos os amigos, amigos que se reúnem a cada milênio para tomar umas e ter conversas adultas ao redor de uma mesa, em uma noite gelada de segunda-feira.

Acredito que a maioria da geração de 80 também faz parte desse texto. Pelo menos agora faz parte do meu texto. E digo-lhes, que às vezes me sinto quadrada, mas não passa de alguns minutos. O arrependimento de ter feito uma babaquice e por ter sido levada por um momento é muito maior. Isso não quer dizer que eu não me divirta, é só que eu não preciso entupir o meu nariz de alguma coisa para ficar feliz, não preciso agredir ninguém para ficar em paz, não preciso dar o troco porque alguém me feriu, não preciso cuidar da vida dos outros porque da minha ninguém quer cuidar, não é?

“Somos uma edição LIMITADA.” E levados pela intimidade criada ali mesmo, falávamos sobre como as pessoas são frias de amizade e de amor. Mas te digo uma coisa: não nesta mesa.