Vale do Buratti – História e Vida, narra a trajetória de uma comunidade, seus costumes, tradições, trabalho, educação e, acima de tudo, a união de um povo

 

A história e o legado das gerações passadas, agora eternizadas em folhas de papel. Uma narrativa de lutas, dificuldades, desafios, regadas com muita dedicação e conquistas. O livro “Vale do Buratti – História e Vida”, organizado por Claudino, Nelson Piletti e Luciano André Lemos, retrata a história de uma localidade que, com união, cresce há muitos anos.

São 256 páginas de uma narrativa que teve inspiração no livro “Cristo parou em Éboli”, de Carlo Levi, há cerca de três anos, conforme explica Claudino Piletti. “A obra era de um local isolado do mundo, habitado por pessoas que trabalhavam e viviam da agricultura, no qual o acesso era muito difícil. Durante a leitura pensei: o Buratti também é assim”, recorda. O local onde ele e os irmãos nasceram e viveram suas infâncias influenciou a escrita de um texto foi o pontapé inicial para a obra lançada no sábado, 20 de janeiro. “Este texto, intitulado de ‘Cristo parou no Borgo e contemplou o Vale do Buratti’, quer dizer que Cristo ficou no bairro Borgo com Nossa Senhora e presenteou o Buratti com o Espírito Santo. A pequena localidade construiu uma igreja e o Espírito Santo ajudou aqueles moradores a se manterem e criarem pessoas importantes para a sociedade”, destaca. Da pequena comunidade saíram diversas lideranças como um bispo, desembargador, prefeito, capitão do exército, superintendente, cantora, escritores, historiadores, professores, psicóloga, administradores, empresários, viticultores, padre, entre outros.

Nelson destaca que, inicialmente, iria ser feito um livro de memórias buratenses, entretanto, no andamento do mesmo, resolveram utilizar gravações antigas, feitas com moradores da localidade. “A primeira delas fiz em 1996, com o Primo Piletti, outras tantas fiz em 2003 e 2004. Elas estavam esquecidas, gravadas em fitas que já estavam se deteriorando. Transformei as mesmas em CD’s e utilizamos nove delas para compor o livro”, salienta. Das nove utilizadas na obra, duas pessoas ainda estão vivas e uma delas, com mais de 90 anos, prestigiou o lançamento do livro. A partir disso, a obra foi tomando uma amplitude e destaque, contando também a atualidade do local, seu desenvolvimento, as transformações desde a época em que os autores eram crianças.

Luciano, que fez alguns registros fotográficos das famílias e outras foram cedidas pela comunidade, também tem uma relação com aquela comunidade. Em 1983 ele lecionou na Escola Luciana de Abreu, onde Nelson e Claudino também haviam estudado. “Feito o resgate histórico da instituição de ensino daquela localidade, depois que decidimos fazer o livro. Luciana de Abreu era uma defensora da libertação da mulher. Anteriormente, tinha conhecido o Nelson em um discurso na Fenavinho, onde somente nos cumprimentamos, e o Claudino posteriormente em uma conversa no Buratti”, relembra.

Participação dos moradores

A produção do exemplar reuniu toda a comunidade que contribuiu com o que podia: alguns com fotografias, outros com textos. “No começo o pessoal duvidava muito, mas tentamos fazer com que todos participassem, cedendo fotos, contribuindo com ideias, sugestões e nos recebendo em suas casas”, ressalta Nelson.

Uma grande alegria foi perceber que todo o esforço surtiu resultados positivos, tanto que os moradores da localidade ficaram felizes com o resultado. “Todos os buratenses se sentiram participantes. Foi uma obra coletiva e não somente de nós três”, salienta Claudino.

Uma surpresa para os organizadores foi a presença de aproximadamente 300 pessoas no lançamento da obra. “Muitas famílias, amigos de conhecidos residentes na localidade nos prestigiaram. Ficamos muito honrados com a repercussão”, pontua Lemos.

O livro

O livro possui uma linguagem simples, ilustrado com fotografias que representam as épocas antigas e atuais. Muitas partes do mesmo também são bilíngues, com textos em português e em italiano. Cada capítulo abrange uma parte da trajetória e da vida das famílias que lá ainda residem.

Um dos destaques é para a importância da cultura do povo buratense. “O capítulo Ouro do Buratti lembrou a época onde eram produzidos milho, trigo e posteriormente a uva. Naquele período, os residentes vinham para a cidade comercializar seus produtos. Passados alguns anos as mulheres, com seus cargueiros, faziam a venda e os homens ficavam na propriedade produzindo os mantimentos”, frisa Claudino.