Trocar de categoria não é uma tarefa fácil para atleta algum, independente do esporte. Fazer isso aos 40 anos de idade e ainda obter bons resultados já na primeira prova é um feito e tanto. Foi o que o piloto de Bento Gonçalves, Marciano Santin, conseguiu na etapa da  SuperBike Brasil, ao conquistar a segunda colocação na nova categoria em Interlagos, no domingo, 25.

Santin mudou de categoria e estreou na terceira etapa da Copa Honda CBR 500R. Disputando com atletas que já treinam e competem com a mesma moto há muito tempo, Santin teve de superar o pouco entrosamento com o novo veículo. “Eu comprei a moto há duas semanas. Ajustamos ela com muita pressa e já fomos para São Paulo”, explicou o experiente piloto, que conta com ajuda de um amigo que o acompanha nas viagens para corridas.

A rápida transição de categoria fez com que os testes com a  nova companheira fossem feitos com muita agilidade. Foram poucas voltas para adaptação à nova motocicleta. “Eu dei cerca de 40 voltas com ela. Meu adversário direto, por exemplo, deve estar próximo de 2000 voltas completas”, comenta.

O adversário referido por Santin é Leonardo Tamburro. Ele venceu a terceira etapa consecutiva e é o atual favorito para vencer a temporada da SuperBike na categoria CBR 500R. Mesmo assim, o piloto de Bento Gonçalves acredita que pode conseguir alcançar Tamburro. “Eu espero que em duas ou três etapas eu chegue até ele”, planeja.

Incertezas

Outras cinco etapas da categoria no SuperBike Brasil estão confirmadas. Apesar de haver um prévio cronograma de participação por Santin, ainda não existe uma certeza absoluta sobre a ida às corridas.

As dificuldades financeiras para ser um piloto com dedicação exclusiva às pistas são as principais causas para que uma possível desistência aconteça, segundo Santin. “Eu vivo só da motovelocidade. Estamos atrás de mais apoio de empresas, atrás de auxílio da cidade pelo Bolsa Atleta. Só assim vou poder terminar o campeonato”, relata.

No ramo automobilístico profissional desde 2001, Marciano Santin se queixa da exaustão de trabalhar no esporte e não conseguir o apoio necessário. Os problemas existem inclusive para os treinamentos. Em Bento Gonçalves, ele só consegue fazer os treinos na parte de preparação física. “Aqui eu faço academia e pedalada, já que não há autódromo. Para correr, me desloco para Guaporé, distante 70 Km daqui”, lamenta. O custo para poder treinar com a moto no autódromo é alto e, por conta disso, são apenas dois treinos por mês.

Mudança de categoria

Marciano Santin já disputou em pelo menos cinco categorias dos campeonatos de motovelocidade do Rio Grande do Sul e do Brasil. São cinco títulos estaduais e outros cinco nacionais. O atual momento dentro do SuperBike Brasil na categoria CBR 500R surgiu após a chegada de um novo patrocinador.

De acordo com Santin, sem o novo apoiador, não haveria como disputar a categoria. “Esse patrocinador possibilitou um investimento maior, me ajudou, e por isso resolvi fazer tudo do zero na nova categoria”, explica.

Mesmo que esteja contente no novo desafio, o piloto de Bento comenta que havia também o desejo por disputas em categorias maiores, mas outro fator, além da falta de investimento, impossibilita. Segundo ele, o preparo físico é determinante na motovelocidade. “Eu estou com 40 anos e os adversários na casa dos 20. Isso é um   fator crucial no esporte”, afirma.

Santin segue na carreira de piloto, apesar de todas as dificuldades. Aos 40 anos de idade e com uma filha recém-nascida, conta com o auxílio de amigos para manter-se sobre a moto, nas pistas de automobilismo do Brasil.