No dicionário AURÉLIO, infraestrutura é descrita, dentre outras formas, como: “numa cidade é o conjunto das instalações necessárias às atividades humanas como rede de esgotos e de abastecimento de água, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede telefônica e gás encanado”.
É possível acrescer mais necessidades humanas: locomoção de pedestres (calçadas), trânsito de veículos (ruas) e por aí vai.

A topografia de Bento é própria de uma cidade da serra onde o que não é rua em subida é rua em decida. Poucas vias públicas foram feitas em terra plaina e mesmo assim conseguimos algumas façanhas como o “anel” formado pela Osvaldo Aranha, Dez de Novembro, Visconde de São Gabriel, Planalto, Xingú e redondezas do Hotel Dall’Onder.

Alguns bairros também tem suas “planícies”: São Roque, Santo Antão, Botafogo…, mas se limitam a alguns quarteirões.
Esta topografia acidentada nos deu uma característica privilegiada: nada é monotonia. Para entender a diferença com outras cidades é fazer uma comparação como Pelotas ou Uruguaiana: tudo é igual, só planície sem um morro ou um vale para refrescar a visão.

É lógico que temos nossos inconvenientes: ruas tortas, algumas muito estreitas, outras extremamente íngremes e becos sem saída. Esse emaranhado também foi consequência da falta de planejamento e poderia ter sido pior não fosse a régua e a prancha da arquiteta Francesca Fenochio, que na Secretaria de Obras da prefeitura traçou as linhas retas dos novos bairros de Bento para que as ruas tivessem o melhor prolongamento.
Conheço cidades com topografia acidentada e o aproveitamento deste aparente inconveniente tornou as cidades ainda melhores fruto de um planejamento arrojado e corajoso.
Em Salvador, na Bahia, lembro quando criaram a “Fábrica de Cidade”, que resolveu em muito a locomoção dos pedestres. Em Curitiba o prefeito Jaime Lerner mostrou muita competência para resolver o fluxo de trânsito massivo de pessoas. Em Londres o fim do congestionamento central da cidade se deu através de legislação limitadora do fluxo de veículos e todos foram ganhadores, até quanto a qualidade do ar daquela metrópole.

Sempre tem os que dizem:
– “Não tem dinheiro para a infraestrutura”.
Uma cidade se constrói com muita margem de tempo, sem milagres e com planejamento de largo prazo.
O que não falta em Bento Gonçalves são cabeças pensantes, pessoa viajadas, conhecedoras do que se fez no mundo como solução para “o conjunto das instalações necessárias às atividades humanas”.
Sempre tem quem possa fazer acontecer: “ele não sabia que era impossível, foi lá e fez!”