Enquanto a experiência é percebida de forma positiva, a falta de conhecimento técnico é apontado como problema pelos recrutadores 

Diante do aumento gradativo da expectativa de vida e de um cenário econômico ainda em recuperação, o mercado de trabalho tem sofrido alterações. Segundo a Pesquisa Nacional por amostragem de Domicílios Contínua (PNDA Contínua), do IBGE, embora os idosos ainda sejam o grupo com menor participação no mercado, a taxa de pessoas com mais de 60 anos trabalhando saltou de 5,9% em 2012 para 7,2% em 2018. Os números vão de encontro ao estudo recentemente apresentado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que afirma que 21% dos aposentados brasileiros seguem trabalhando.

Ainda de acordo com a pesquisa da CNDL, 47% dos idosos na ativa dizem que precisam trabalhar para complementar a renda da família, enquanto 48% querem se sentir ativos. Em contraponto ao aumento da busca por oportunidades e da energia cada vez mais presente na terceira idade, no entanto, as dificuldades para encontrar em emprego são apontadas por 43% dos entrevistados, sendo que o fator principal é o preconceito pela idade avançada.

O cenário em Bento Gonçalves

Embora não existam levantamentos quantitativos sobre o mercado de trabalho para os idosos na região, e Bento Gonçalves tenha fechado o ano com um saldo positivo de 1126 vagas criadas quando em comparação aos términos de contrato (de acordo com o Caged), na opinião de representantes de entidades e especialistas, o idoso ainda sofre para encontrar emprego na cidade.

De acordo com a diretora de RH, Maria Jardim Menocin, os profissionais mais buscados pelas empresas estão na faixa de 30 a 50 anos, sendo um perfil considerado maduro e com conhecimento técnico. Os idosos, no, entanto não são visados. A realidade se repete nas empresas atendidas pela Fluxxo, de acordo com a especialista de RH, Cristiana da Costa. “As empresas buscam a faixa de 30, 40 anos, não há busca de idosos, infelizmente”, conta.

 

Sobra experiência, falta especialização

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Bento Gonçalves, Daniel Amadio, é complicado afirmar se o mercado absorve ou não a mão de obra dessa faixa, mas os comentários não são animadores. “O que ouvimos das pessoas com mais idade é que há dificuldade, pois é dado preferência para as pessoas novas com uma formação mais moderna ou com um currículo mais embasado”, destaca.

Opinião semelhante a do presidente do CDL-BG, Marcos Carbone, que acredita que apesar da experiência, falta, na maioria das vezes, aos idosos conhecimento técnico. “Quando saem à procura de emprego, muitos dos candidatos da terceira idade apresentam um currículo rico em experiência mas, nem sempre, com as qualificações exigidas para diversas vagas no comércio”, destaca. Para ele, o fator determinante na hora da contratação sempre será a qualificação em detrimento de qualquer seleção por faixa etária.