Não parece que se passaram quase 70 anos. Francisco Pértile, o bento-gonçalvense que acompanhou de perto um dos principais conflitos da história da humanidade, relata detalhadamente os momentos que viveu na Itália, quando era atirador do 11º Regimento de Infantaria da Segunda Guerra Mundial. Pértile nasceu em 1920 e, quando completou 22 anos, foi convocado para o serviço militar. Ele entrou para o 5º Regimento da Cavalaria, em Quaraí e, mais tarde, recebeu o treinamento especial em Minas Gerais. A partida, de navio, foi dia 4 de setembro de 1944. Ele passou nove meses em combate e as memórias, são vivas até hoje.

O Ex-Combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial conta que quando estava no exército não tinha a ideia de que algum dia seria mesmo necessário atuar. “Entre entrar no exército, como era comum naquela época, e servir a sua pátria tinha uma diferença muito grande”, lembra. Ele fez o treinamento especial, mas afirma que tudo era incerto e que não sabia o que iria acontecer mais tarde.

Foi na chegada à Itália que ele percebeu o que o aguardava. “Você ouvir falar da Guerra é uma coisa, você vivenciar ela, sentindo os tiros a centímetros do seu corpo é outra”, conta. Pértile atuou nas batalhas de Monte Castelo, uma das principais conquistas da FEB no período. “Os combates de Monte Castelo eram os mais difíceis que tinham e nós fomos para lá. Os alemães tinham armas que disparavam 1,2 mil tiros por minuto. Muitas vezes, nós ficávamos deitados em uma valeta até que o fogo cessasse. Quando não tinha como combater, a saída era esperar”, relata.

O pracinha diz que passou perto da morte muitas vezes e o medo dava lugar aos pensamentos racionais e estratégicos. “Meu capacete me salvou muitas vezes, era frequente ser atingido por granadas, elas batiam no capacete e estouravam poucos metros adiante. Nunca tive nenhum ferimento grave, mas o risco de morte era diário”, relata. Além do pensamento racional, a frieza precisava ser constante quando havia invasões nas casas dos alemães. “Algumas vezes me dava uma tristeza muito grande. Quando havia ordem de matar, era preciso entrar nas casas dos alemães e matar mulheres, crianças, quem nós encontrássemos. Não tínhamos opção, estávamos lá para seguir ordens e se matar era a ordem, então, mesmo com muita dor no peito, tínhamos que fazer”, conta.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, 13 de setembro.