Projeto que completa dois anos vende produtos com temática pet para arrecadar fundos para custear castrações e tratamentos veterinários de animais de rua

Pantufa, Ozzy e Nanquim. Os três gatos de rua adotados por Grey Giotto, um resgatado por um amigo e outros dois por ela mesma, são apenas uma amostra do amor e da dedicação da voluntária pela causa animal. Outro bom exemplo é o Gatitute, projeto que completou dois anos em julho.

Uma espécie de loja virtual, presente também em feiras comunitárias, o Gatitute oferece uma grande gama de produtos personalizados com temáticas de cães e gatos com itens exclusivos desenvolvidos por Grey, obras de artesãos locais e também importados. Todo o valor arrecado é destinado ao pagamento de castrações e tratamentos necessários a animais abandonados da cidade. “Ajudamos duas ONGS, além de protetores independentes, até mesmo pessoas que encontram um bicho na rua e chegam até nós pedindo ajuda pelas redes sociais”, destaca.

Da Gatitude à gratitude

Apegada aos animais desde a infância, aos 11 anos, Grey resgatou seu primeiro animal. A gata que levou para casa seria apenas a primeira entre os muitos animais que ela ajudaria, até dar vida ao Gatitude, em 2017. Embora o nome tenha surgido de uma expressão utilizada por Garfield como um autoelogio em uma de suas tirinhas, a proximidade quase homófona entre a expressão que dá nome ao projeto e da palavra “gratitude” vai além do mero acaso.

Mais que levantar fundos para ajudar outras voluntárias e pessoas que necessitavam de auxílio para cuidar de seus próprios animais, a ideia, conforme conta Grey sempre foi retribuir a boa ação. “São todos itens para pessoas, não para pets. Quando criamos a Gatitude queríamos uma forma de dar um retorno para quem ama os animais e contribui com a causa. Comprando um chaveiro, por exemplo, a pessoa que gosta dos bichos, está os ajudando, mas também levando uma recordação para casa”, explica.

O maior sucesso, “produto que sempre desaparece, assim que chega ao estoque”, como salienta Grey, é uma caneca com a pintura de um gato preto de um lado e a espirituosa frase “Não tenho culpa se tua vida está uma merda”, do outro. Assim como essa, foram, justamente, as canecas e outros utensílios domésticos que deram início a loja, que hoje conta com um leque de itens que foge até das contas da criadora. “Temos carteiras, luminárias, parador de porta, porta-copo, meias, anel, enfeites, bloquinhos, caixas, blusas, quadros, bijuteria”, enumera. “É um trabalho de criatividade permanente. Conforme vou encontrando coisa de bicho, eu vou comprando. Conhecemos muita gente e temos ideia ao acaso. Descobrimos uma pessoa que faz corte a laser, por exemplo, e pronto: temos mais um leque de itens para oferecer”, complementa.

Além dos produtos importados, que diminuíram com o encarecimento das taxas de correio, aos poucos, Grey começou a investir na compra de produtos locais e também na fabricação própria. Ao todo, cinco artesãos da região oferecem seus produtos de forma condicional. “É uma rede do bem, com foco na causa animal: as pessoas que compram algo da Gatitude auxiliam não só os animais, mas também a produção local; já os artesãos, além de cobrarem só depois de eu revender suas obras, me passam seus itens com um valor reduzido, que é a forma que encontraram de ajudar a causa”, destaca.

Atuando na área de desenvolvimento de sites, nas horas vagas, além de cuidar das compras e organização de feiras solidárias, Grey também se dedica a criação de produtos próprios. São utilidades como caixinhas, convites e bloquinhos de nota confeccionados com cartonagem e mdf com tecido. As técnicas e o gosto pelo artesanato são recentes e surgiram como uma forma de ampliar o número de itens oferecidos. “O que me levou para o artesanato foi a Gatitude. Tenho uma amiga que tem loja de tecidos e dava aula, e resolvi fazer alguns cursos para ter uma gama maior de produtos. Hoje é uma tarefa que gosto de fazer, pois me desestressa”, conta.

Cerca de R$6 mil já foram destinados com a iniciativa para auxiliar com tratamentos veterinários de animais de rua, e simbolicamente, o primeiro deles, foi o Nanquim, gato que ela mesma resgatou cerca de dois meses depois de começar o projeto. “Encontramos ele atropelado. A patinha esquerda estava fraturada e precisou de pinos; a direita, não teve salvação e foi amputada, apesar da fisioterapia. Ele também é cotoco de nascença de outa pata, e há suspeita que tenha alto grau de autismo. Ao longo de ano, passou por quatro veterinários e duas cirurgias”, lembra.

Além de feiras da cidade, como o Festival de Balonismo, e duas estantes de exposição em clínicas veterinárias parceiras, os produtos da Gatitude são encontrados nas páginas do projeto no Facebook e  Instagram. A entrega pode ser presencial, dependendo da distância, ou por correio.