Em Bento, número de pessoas que aguardam por média complexidade cresceu 47% e, por alta complexidade, 12%

O número de pessoas que esperam por uma cirurgia de média complexidade, em Bento Gonçalves, aumentou 47% em 2017, totalizando 1586 pacientes na fila de espera. No caso dos procedimentos de alta complexidade, houve um aumento de 12%, com 873 pacientes que aguardam o procedimento. Os principais motivos para o aumento, de acordo com a Secretaria de Saúde, é a ausência da referência em traumatologia para a região e a necessidade de priorizar alguns procedimentos.
Segundo informações da Prefeitura, nos três últimos meses não houve repasse de recursos dos governos Estadual e Federal. Além disso, o atraso nas cirurgias é agravado pela falta de uma referência regional para os procedimentos de traumatologia, que se encaixam na alta complexidade.
De acordo com o secretário de Saúde, Diogo Siqueira, as cirurgias de catarata ou os casos que podem vir a prejudicar as atividades laborais estão sendo priorizados na média complexidade. “Nós estávamos com uma demanda reprimida muito grande, e neste ano voltamos a atender esses pacientes e fazer essas cirurgias. Priorizamos os que estavam em espera e tivemos que deixar de lado as gravidades menores”, explica.
O secretário coloca ainda que no segundo semestre as cirurgias estão sendo regularizadas, uma vez que várias especialidades voltaram a ser atendidas. “A gente está conseguindo regularizar, voltamos a atender oftalmologia e planejamos uma diminuição da fila de especialidades”, afirma.
Siqueira ressalta que o Governo do Estado tem a obrigação de pagar pelas cirurgias, no entanto, são três meses que não são realizados repasses pelo órgão competente. “É uma dificuldade, quem sofre muito isso é o Hospital Tacchini que acaba não recebendo esses repasses e fica uma conta para a Prefeitura”, comenta.
No último contrato firmado entre Prefeitura e Hospital Tacchini, em novembro, ocorreu um aumento de 10% dos repasses municipais para a realização dos procedimentos no Tacchini. “Nós aumentamos o valor de financiamento já prevendo a não correção da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) e já prevemos que não vai ter aumento nos repasses do governo do Estado”, afirma. Com o aumento, o repasse será de R$ 41 milhões frente aos R$ 40 milhões de 2017.
Segundo o secretário, mais uma vez as contas das outras instâncias não estão sendo cumpridas, o que faz com que a Prefeitura tenha que tirar recursos da municipalidade para resolver a situação. “A gente vê que o Governo do Estado não está fazendo sua obrigação e nós precisamos, pelo menos, controlar essa fila de espera”, ressalta.

Longa espera

Em 2016, o Semanário relatou a história de Osvaldo Oliveira dos Santos, que aguarda por um procedimento cirúrgico de alta complexidade há 5 anos. A espera ainda continua.
À época, dos Santos contou que ao longo do período passou por vários adiamentos e transferências. Em princípio, o procedimento deveria ser realizado em Farroupilha, no Hospital São Carlos. Após, foi transferido à Caxias do Sul, no Hospital Pompeia, e retornou à Farroupilha. Após, novamente a cirurgia deveria ser realizada em Caxias do Sul.
O drama do paciente, que tem dificuldades em caminhar, acompanha os entraves burocráticos e a dificuldade da região em consolidar um hospital como referência de alta complexidade. Em função disso, Bento Gonçalves pleiteia junto ao Ministério da Saúde a habilitação para o Tacchini realizar as operações pelo SUS.
Em junho, o município recebeu apoio dos demais membros da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) para se tornar referência. Com isso, a verba que o Governo Federal repassa para Caxias do Sul, seria repassada para Bento Gonçalves, no entanto, a questão ainda depende da aprovação do Ministério da Saúde.