Se alguém tivesse entrado em sono profundo – um coma induzido, talvez – na década de 70 e acordasse nos dias atuais, com o mesmo cérebro, alimentado pelas coisas de então, certamente teria um infarto agudo. Não entenderia absolutamente NADA. Na década de 70 a TV em cores recém estava começando (para quem não sabe ou não lembra, a primeira transmissão de TV em cores no Brasil foi em 1972, o jogo Grêmio X Caxias, durante a Festa da Uva) e sequer imaginávamos que, um dia pudessem existir tablets, celulares, etc. Aliás, as imagens de televisão recebidas aqui, em Bento Gonçalves, era com chuviscos e ruídos – salvo honrosas exceções -, não raramente com uma esponja de Bombril na ponta da antena (sim, porque erguer uma antena externa alta, enorme, não era para qualquer um). A saúde pública? Ora, havia o “INPS”, mas raros tinham acesso a ele. Muita coisa mudou desde então. Veio a tal de “democracia” (que é isso que aí está) e com ela a Constituição de 1988. Os deputados e senadores que a elaboraram a fizeram sob peso e medida para eles mesmos. Os “direitos” superaram os “deveres” em proporção geométrica. Mas, depois de se entupirem de “autoridade e direitos”, os nobres parlamentares decidiram colocar na Constituição alguns artigos para “beneficiar” o povão para não ficarem tão “mal da foto”. Enfiaram nela o “direito à saúde” para todos. Só esqueceram-se de dizer de onde sairia o dinheiro para atender isso e/ou quem pagaria a conta. Hoje, graças a essa Constituição, as ilegalidades são enormes, a começar pelo salário mínimo, que deveria atender a todas as necessidades, mas se o valor dele cumprisse isso, ninguém teria condições de pagá-lo. No quesito “saúde pública”, tudo beira o surrealismo. São 200 milhões de brasileiros exigindo seus “direitos” e falta muito, muito dinheiro e gestão adequada na saúde. Veio a Emenda 29 que previa a aplicação na saúde de 15% para os municípios, 12% para os estados e 10% para a União. Os municípios, pela proximidade com os habitantes, obrigaram-se a investir os 15% e muito mais. Já os estados e a União deixam muito a desejar. Falta tudo, praticamente. Inclusive alguns setores da imprensa publicarem notícias SEM ser tendenciosas. Se cem pessoas são mal atendidas, elas são notícia. Os vários milhões atendidos pelo SUS satisfatoriamente, bem, isso “deixa pra lá”. Não é notícia. Isso tudo mina o sistema e o torna cada vez mais complicado. O que falta, e muito, é bom senso por parte da esmagadora maioria. Da imprensa, dos usuários, dos gestores, dos prestadores de serviços, enfim, de boa parte de todos os que estão envolvidos com o SUS. Não há outra saída sem ser a de TODOS JUNTOS buscarmos as soluções, sem partidarismos idiotas, sem maniqueísmos ridículos. Para acabar com esse “falta tudo”, é preciso BOM SENSO. Ou estarei errado?