A dança é uma das principais formas de se fazer arte desde que foi formada a sociedade moderna. Caracterizada pelo movimento, seja ele rápido ou lento, a prática uniu-se à pintura – técnica visual – na exposição “No compasso da Dança”, de Nair Ben, artista que apresenta, em telas, os detalhes e visceralidade que o tango argentino possui.

Uma viagem com fins turísticos pode representar muito mais do que o lazer. Para a artista radicada em Bento Gonçalves, um passeio à Argentina significou a possibilidade de representar artisticamente uma das ferramentas mais enraizadas da cultura “hermana”: o tango.

A música e sua dança – popularizadas por Carlos Gardel -, repletas de sensualidade, aliam-se à sofrida história da América Latina no período de colonização europeia. De acordo com Nair, os espetáculos retratam o passado argentino. “As peças de dança contextualizam historicamente o local e depois, de fato, abrem espaço para os dançarinos de tango”, explica.

A artista encantou-se com os movimentos e decidiu retrata-los nas telas. Segundo Nair, mesmo com a mistura de duas artes essencialmente distintas, é fundamental que se consiga representar o movimento ainda que em uma obra estática. “A minha intenção é de que o observador veja o movimento nas pinturas mesmo que ela seja o registro de um momento. Sentimos a sensação de que os personagens dançam através da postura e das roupas”, sugere.

A artista plástica buscou referências na cultura argentina (Foto: Divulgação/SECULT)

 

Para possibilitar essas sensações e sentimentos de movimentos da dança nas pinturas, a artista procurou retratar todas as nuances percebidas durante o acompanhamento dos espetáculos em solo pratense. “No retorno, durante a pesquisa, procurei referências visuais, além daquelas presenciadas, e as moldei com minhas ideias. Os figurinos, os movimentos e as cores. Com todas essas características, fiz as obras”, explica.

A técnica utilizada pela artista plástica na composição das cerca de 20 peças artísticas foi a de giz pastel seco. “Com esta ferramenta, conseguimos fazer as cores serem aderidas à tela”. Ainda de acordo com a artista, “utilizei uma tela pronta e natura, com superfície relativamente abrasiva”. A técnica foi difundida pelo histórico artista polímata Leonardo da Vinci, que acreditava que o giz pastel seco poderia ser um material elegante para as pinturas a seco.

Nair, que foi professora de português e inglês durante boa parte de sua carreira profissional, pôde dedicar-se exclusivamente à arte no momento em que parou de lecionar após a aposentadoria. “Mesmo quando não tinha muito livre, busquei conhecer a arte. Agora é mais fácil, até pelas possibilidades que a televisão e a internet nos trazem na busca por referências”, comenta.

As obras da artista natural de Guaporé, podem ser adquiridas pelos visitantes da exposição. “O interesse das pessoas significa que temos o retorno de um trabalho artístico bem feito”, afirma.

A exposição “No compasso da Dança” da artista Nair Ben, está no terceiro andar da Fundação Casa das Artes. O trabalho composto por cerca de 20 obras de pintura de giz pastel seco retratando o tango argentino fica disponível para visitação até sexta-feira, 29, nos horários das 8h às 11h45min e das 13h30min às 19h30min. A entrada é gratuita. Os observadores podem adquirir as obras até o fim da exposição.