De acordo com o Relógio da Violência, do Instituto Maria da Penha, a cada 2 segundos, uma mulher é agredida, pelo menos, de forma verbal; e a cada 7.2 segundos, uma agressão física ocorre no Brasil. As formas são as mais variadas, o tema é cada vez mais debatido, porém, o silêncio ainda agride. Sobre o tema, a exposição “O silêncio é uma arma”, organizada pela delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Carolina Funchal Terres, busca alertar sobre a necessidade da denúncia.

A mostra visual tem como principais elementos registros fotográficos de Pâmela Lazaron e Fabiane Guedes. Nas imagens expostas, as fotografias se utilizam de instrumentos relacionados ao esteriótipo do quotidiano do universo feminino. As imagens remetem à beleza, vaidade e sensibilidade feminina e o contraste com os materiais apreendidos ao serem utilizados como instrumento para praticar violência contra mulheres.

De acordo com o material de divulgação da exposição, a ideia de unir dois aspectos tão presentes no dia a dia das mulheres – materiais de beleza e, infelizmente, as agressões e o feminicídio -, surgiu após a observação dos registros de apreenções. A delegada Terres notou a infinidade de instrumentos utilizados por homens para praticar atos de violência doméstica. Desta forma, a exposição tem o viés de estimular a coragem para que se denuncie os abusos.

A necessidade do debate

A exposição esteve por dois dias no Bloco A do Campus Universitário da Região dos Vinhedos, da UCS. Na segunda-feira, 18, após o lançamento da exposição, houve uma palestra para os estudantes do curso de direito da instituição.
Para a atividade de debates, estiveram presentes a delegada e professora Deise Salton Brancher Rushel e a inspetora Caroline Rossato Stefani. Além da fala das palestrantes, houve rodadas de perguntas e participação do público presente.

De acordo com a delegada Deise, o material exposto tem um papel muito importante na reflexão e debate sobre a violência de gênero. “As imagens sensibilizam a todos ao mostrar, na mesma tela, o contraste que existe entre a feminilidade e a violência, mas que muitas vezes caminham juntos e cercados de muito medo”, explica. Ela ainda acrescenta que “a exposição incentiva as mulheres a denunciarem as agressões ao alertar que, assim como os objetos fotografados, como revólver, o martelo e a faca, o silêncio pode se tornar uma arma mortal”.

Aliada à mostra fotográfica, a palestra atingiu um grupo de jovens estudantes. Para a delegada, fomentar esse debate entre esse público foi positivo. “Como titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, eu falei de nossa experiência no atendimento de vítimas e agressores, bem como da necessidade de nos despirmos de preconceitos e atuarmos com empatia. Também foi muito importante a exposição da Inspetora Caroline Stefani, que atua junto ao plantão policial, a qual destacou que muitas mulheres somente registram ocorrência depois de sofrerem a violência por anos”, destacou.