Metáfora não é coisa só de intelectual. Mais que um recurso estilístico usado em textos literários, ela se constitui em figura de linguagem importante no cotidiano das pessoas.
Já ao nascer, o bebê é bombardeado com “fofurices” metafóricas – “anjo, príncipe ou princesinha”. Depois ele “viaja” pelo mundo alegórico das histórias infantis e “acorda nos bancos duros da escola”. Lá, os professores procuram ensinar que “ é preciso escavar abaixo da superfície para encontrar a essência”, pois “aquilo que se vê é apenas a ponta do iceberg”, mas não é fácil competir com games, Instagram, Snapchat, WhatsApp, RPG, Candy Crush, Ask.fm, Secret… (O facebook virou coisa de avó).

Para aqueles que têm “futebol na veia”, as metáforas são impregnadas de paixão. Eles juram que “craque alisa, acaricia ou penteia a bola” para depois dar um “tiro” que vai ao canto “onde a coruja dorme”. Aí se percebe que o jogo é uma disputa bélica, com “incendiários” chutando bombas, “matadores” implacáveis fuzilando o inimigo e “furando a rede adversária”. E, no final da batalha, os “soldados” de chuteiras que “massacraram” a outra equipe viram “heróis”. Vai entender!
Na música, há metáforas melosas que caem no gosto popular; outras são sagazes, como na canção de Gilberto Gil, que fala em sua última estrofe “Deixe a meta do poeta, não discuta. Deixe a sua meta fora da disputa, deixe-a simplesmente metáfora”.

Políticos adoram metáforas. Jânio Quadros, com sua vassourinha dourada tentou “varrer a corrupção”, que foi parar embaixo do tapete. Depois de um período de alegorias cantadas, Sarney, “sentado no poder”, desabafou que seu gabinete era “a quinta dos infernos” (com o “diabo” no comando…). Collor garantiu que tinha “aquilo roxo”. Itamar dizia que “os números não mentem, mas os mentirosos fabricam os números”. FHC falou muita “m…” metáfora??? Uma das declarações mais indignas foi: “Se a pessoa não consegue produzir, coitada, vai ser professor”. Brizola chamava Lula de “sapo barbudo”. Já Lula assegurou que, lá fora, a “crise era um tsunami, aqui, uma marolinha”. Dilma saudou “a mandioca” e Temer bradou que combateria “aqueles que sequestraram do povo a tranquilidade”. Ah! Bolsonaro tem predileção por metáforas afetivas. São “namoros” que podem virar “casório”, numa aliança que, se bem sucedida, vai “tirar o Brasil do sufoco”.