CTG Paisanos da Tradição busca vaga na categoria Força A. Foto: Ranieri Moriggi

Quem se encanta com o sarandeio das prendas e o sapateio dos peões sob um tablado, nem imagina o quão trabalhoso é chegar a este resultado. São horas de ensaio que vão madrugadas adentro, praticamente todos os dias da semana. Essa é a rotina de dois Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) de Bento Gonçalves: Paisanos da Tradição e Laço Velho, que disputam neste final de semana, em Uruguaiana, uma vaga na grande final do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), que ocorre de 17 a 19 de novembro, no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo e que reúne centenas de concorrentes e milhares expectadores. Para buscar a classificação, tanto na Força A, quanto na B, nas danças tradicionais, dançarinos estão esperançosos e priorizam as atividades dentro dos galpões para fazer bonito em suas apresentações.

Lucas e Suelen estão ansiosos pela participação. Foto: Ranieri Moriggi

Considerado o maior festival de arte amadora da América Latina, o Enart vai reunir em Uruguaiana, 39 grupos de danças, dividido em duas forças: A (18) e B (21). Desses, apenas 10 de cada categoria seguem para a fase final, que escolherá os melhores grupos e artistas individuais do Rio Grande do Sul em 2017. De acordo com o instrutor da invernada do CTG Paisanos da Tradição, Fábio Franceschini, a preparação ocorre desde o ano passado. “A vontade em disputar a modalidade na elite do concurso surgiu ainda em 2016 e fomos aperfeiçoando a ideia. A base do grupo está formada há cinco anos”, explica. Nos últimos meses o trabalho foi intensificado e a rotina diária dos bailarinos mudou radicalmente. “Se é difícil para qualquer entidade, aqui no Paisanos é mais, porque não temos sede. Hoje, o nosso grupo não é apenas uma entidade, somos mais que isso, podemos dizer que ser Paisanos é uma identidade”, afirma Franceschini. Além dos ensaios que viram as madrugadas, as despesas para confirmar a participação são expressivas. Mas tudo é feito pelo amor às tradições. “É um gasto sempre, porém, o retorno é muito maior. Acho que é por isso que ainda estamos aqui. São diversos ensaios na madrugada, temos que acordar de manhã cedo para trabalhar. Nessas últimas semanas as atividades foram mais intensas, mas é gratificante pode dançar o Enart”, afirma Suelen Beltran Marini, 21.

Na semana que antecede a competição, a mente e o coração seguem voltados às apresentações. É o que afirma o dançarino Lucas Contini, 23, que se diz ainda mais motivado com todos os desafios que o grupo passou durante a caminhada até esta fase. “A expectativa é grandiosa, o coração pulsa mais forte durante a semana do evento. Não perdemos em nenhum momento o foco. Independente de resultado, a expectativa é chegar em Uruguaiana, fazer o nosso melhor, representar nossa cidade e tentar galgar a nossa classificação”, pontua.

Para a etapa inter-regional, o CTG Paisanos da Tradição tem como temática uma homenagem ao Batalhão Ferroviário, que chegou à Bento na década de 40 e foi responsável por diversas obras de infraestrutura. As danças foram elaboradas pelo coreógrafo Alex Balaka, de Cachoeirinha.

Invernada do CTG Laço Velho quer voltar à final em Santa Cruz. Foto: Ranieri Moriggi

A expectativa também aumenta no galpão do CTG Laço Velho. Há seis meses, eles decidiram concorrer na modalidade Força B. Os 12 pares tentam voltar aos palcos de Santa Cruz do Sul, pois, desde 2012, a entidade não ponteia entre os finalistas. No entanto, no que depender do esforço dos integrantes da invernada, a conquista deve estar próxima. “Nossos ensaios estão bem puxados, nossa rotina diária é bem corrida, principalmente porque ensaiamos durante a noite, devido aos compromissos de estudo e trabalho. Tentamos conciliar tudo para estarmos aqui virando a madrugada, em busca de nosso objetivo maior que é a classificação. A ansiedade está a mil”, é o que afirma a 2ª prenda, Carine Oliveira da Silva, 25, que participa da entidade há três anos.

Caroline e Vagner esperam chegar à final. Foto: Ranieri Moriggi

Questionados sobre o que os leva a largarem tudo para se dedicarem ao tradicionalismo, os jovens são enfáticos: “o CTG acabou tornando-se uma família. Hoje, nossos pais, namorados e amigos frequentam a entidade e estão envolvidos conosco. Sabem do nosso esforço em buscar a classificação, e, por isso, abraçaram a causa. Todos estão ansiosos pela apresentação. É um orgulho representar essa entidade que comemorou 60 anos de história. Se Deus quiser, vai dar tudo certo”, afirma Vagner Andrez da Silva, 17, que participa do CTG há 10 anos.
As coreografias de entrada e saída, sob responsabilidade de Luiz Afonso Torres vão retratar a magia da gaita. Já as danças tradicionais estão a cargo do instrutor Manoel Paixão.

Concursos individuais integram etapa

Além das danças tradicionais, modalidade mais procurada pelos expectadores, outras nove estarão na disputa. São cantores, instrumentistas e declamadores que também se preparam há meses e esperam carimbar o seu passaporte para a final em novembro. Ao todo, outros 12 concorrentes de Bento Gonçalves participam das categorias individuais. As entidades, Herdeiros da Bombacha e Gaudério Serrano também vão estar representadas pelos seus artistas.

Confira quem são os participantes de Bento Gonçalves na etapa inter-regional do Enart 2017:

Danças Tradicionais Força A: CTG Paisanos da Tradição;

Danças Tradicionais Força : CTG Laço Velho;

Chula: Alessandro Sosnoski – CTG Laço Velho; Lucas Mezadri – CTG Herdeiros da Bombacha;

Gaita Piano: Mateus Pietrobon – CTG Paisanos da Tradição; Leonardo Gustavo Rossato – CTG Laço Velho;

Violão: Everton Pessoa de Bairros – CTG Laço Velho;

Solista Vocal Masculino: Lucas Contini e Lucas Felipe Lopes – CTG Paisanos da Tradição;

Declamação Masculina: Flávio Soccol – CTG Gaudério Serrano; Gilvani da Rosa – CTG Paisanos da Tradição;

Causo: Claudir Schulz – CTG Paisanos da Tradição;

Danças de Salão: Denis Silveira Pereira e Suellen Soares Ferreira – CTG Paisanos da Tradição.