Responsabilidade, dificuldades e receio sobre novas atribuições dos cargos diretivos têm afastado os professores

As eleições nas escolas estaduais eram disputadas com a formação de várias chapas de professores interessados em ocupar os cargos diretivos. Porém, para o pleito deste ano, grande parte das escolas não tem candidatos.

Na área de cobertura da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), por exemplo, das 69 escolas, apenas 37 apresentaram candidatos. A eleição acontece na terça-feira, 27 de novembro.
Em Bento Gonçalves, nem todas as escolas tem candidatos. Entre algumas que apresentaram, estão a Escola Bom Retiro, Landell de Moura, Imaculada Conceição, Pedro Vicente da Rosa, Nossa Senhora da Salete. Entre as que não apresentaram interessados estão: Ângelo Chiamolera, Irmão Egidio Fabris e Comendador Carlos Dreher Neto.

Para o Coordenador da 16ª CRE, Leonir Olimpio Razador, o número de chapas já era esperado. “Está dentro da perspectiva. A nossa orientação e da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) é para que haja chapa em todas as escolas até porque isso está em lei. Não havendo chapa inscrita se dará por designação. Infelizmente, algumas instituições não terão candidatos aos cargos diretivos”, explica.

Razador aponta três motivos que levaram a diminuição do interesse e procura para ocupar os cargos diretivos. “Primeiro, a responsabilidade que significa ter esse cargo com os desafios dentro da realidade atual. Segundo a burocracia que das escolas que assustam quem assume. E terceiro, muitos não têm ânimo”, indica.
Ainda segundo o coordenador da CRE, a preparação dos professores não é para gestão. Tanto que isso está sendo alterado. “Os nossos diretores estão preparados para a função pedagógica. A partir desta eleição, nenhum diretor tomará posse se não tiver feito o curso de formação, para ter a noção do cargo”, adianta.

21 anos depois, o desligamento do cargo

Uma das escolas que não terá candidato a diretor é a Ângelo Chiamolera, em Faria Lemos. Isso porque, depois de 21 anos ocupando a função, o professor Carlos Baggio está se aposentando.
Segundo Baggio, é a hora de deixar para outras pessoas. “Foram anos dentro desta função, agora é hora de renovar. Infelizmente, a escola não teve chapa. Os professores nomeados são poucos e não querem assumir”, aponta.

Na visão de Baggio, a responsabilidade assusta os professores. “É um desafio. Precisa abraçar parte pedagógica, administrativa, financeira, deixar a família de lado algumas vezes. A direção ficou sozinha para resolver muita coisa. Isso assusta os mais novos”, aponta.