Recentemente, em duas reportagens publicadas, o Semanário saudou como positiva e inovadora a decisão de manter aberta em janeiro parte das escolas maternais, solucionando desta forma uma angústia de sempre de operários e demais trabalhadores: o que fazer com os filhos pequenos quando as férias da firma terminam e a das professoras prosseguem?

Nem todo mundo entendeu corretamente a proposta. Alguns pais quiseram mandar seus filhos, mesmo que não precisassem voltar logo ao trabalho. Foram então orientados sobre a importância do convívio familiar aos pequenos neste curto período. De outra parte, algumas professoras passaram a impressão de não terem gostado da volta antecipada à sala de aula. Nem por isso deixaram de cumprir sua obrigação.

Pelo que se vê agora, não foram todas as partes que cumpriram com as obrigações. Parte das servidoras contratadas por empresa terceirizadas de mão de obra entendem não estar sendo acolhidas em todos os seus direitos trabalhistas. São passagens a menos, falta do adicional de insalubridade e demissões mal explicadas.
Este parece ser o legítimo e improvável caso em que a limonada volta ao estado de limão. Mães de alunos procurando avós ou alguma vizinha para abrigar o filho. Domingo de angústia, segunda-feira de improviso.
Depois de uma paralisação e de versões divergentes postas à mesa aconteceu a volta ao trabalho ontem. Mas o prejuízo já produzido é líquido e certo. Há perdas políticas, laborais e financeiras. E até quem não tem filho em idade de maternal acaba alcançado pela discussão.

Agora resta saber até onde se pode ir com esta relação tão desigual entre poder público, terceirizadas e trabalhadores. De plano, se vislumbram dois perdedores. O primeiro é o trabalhador terceirizado, que não pode almejar qualquer tipo de crescimento dentro do trabalho. Logo a seguir vem a sociedade, que acaba por receber um trabalho barato que muitas vezes traz como resultado a falta de qualidade.