O fracasso da política industrial do governo federal pode ser medido pela queda da produção, pela piora das contas externas, pela inflação persistente e também pela redução do emprego setorial. Em 2013, a indústria cortou 1,1% de seus assalariados e o número de horas pagas diminuiu 1,3%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a folha de pagamento real aumentou 1,2%, com a elevação do salário médio, um dos poucos aspectos positivos do balanço dos últimos três anos. A maior parte das informações indica o fiasco da política de incentivos e o erro do diagnóstico formulado e teimosamente mantido pela equipe econômica. Tudo se passa como se os gabinetes federais fossem blindados contra más notícias originadas na economia brasileira. Males autênticos e reconhecidos, só os provenientes do mundo cruel fora das fronteiras nacionais.

Em Bento Gonçalves, as indústrias começam a sentir a corda apertar no pescoço. A notícia de que houve queda de 35% no faturamento das empresas do setor ligou o sinal de alerta. Paralelo a isso, os números mostram que as contratações vêm diminuindo consideravelmente nos últimos quatro meses, sendo que, só no mês de junho, houve uma retração de 25% nas admissões.

A redução do emprego industrial combina, obviamente, com o enfraquecimento da indústria nos últimos três anos. O setor perdeu eficiência e poder de competição, prejudicado pelo mau ambiente de negócios, pela insegurança resultante da improvisação política e pelo continuado aumento de custos – salariais, por exemplo. Na Capital do Vinho, esta redução do emprego industrial foi de certa forma disfarçada pela geração de vagas em outros setores, como o da construção civil. O governo chama a atenção, com frequência, para o nível de emprego no Brasil, comparando-o com números bem menos favoráveis, principalmente nos países desenvolvidos.

A vantagem brasileira diminui muito quando a comparação é feita com outros países emergentes ou em desenvolvimento. Mas o dado negativo mais importante, e pouco visível nos grandes números, é a queda da qualidade do emprego. A indústria ainda é a principal fonte de empregos decentes e razoavelmente remunerados. Vagas foram abertas nos últimos anos, principalmente em atividades pouco produtivas e com padrões de contratação menos favoráveis.

Apesar de tudo, a economia da cidade se mantém pujante. Vamos aguardar como será o segundo semestre, onde as previsões não são das melhores. As notícias são negativas, mas é neste momento que teremos que apostar na criatividade e empreendedorismo de nossos empresários, que já enfrentaram crises piores e passaram pelas tempestades.