Os dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde mostram alguns dos motivos que ajudam a entender os problemas constantes enfrentados pelos bento-gonçalvenses que utilizam o Pronto Atendimento 24 Horas. A unidade, hoje, é a principal referência para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a cultura da população não contribui para que o serviço oferecido tenha maior agilidade.

Somente até agosto deste ano, o PA 24 Horas realizou 75,8 mil atendimentos diversos. O mais impressionante é que 88% deles, ou 66,7 mil, poderiam ter sido realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) espalhadas pelos bairros do município. Porém, passa pela prefeitura a iniciativa de mudar a cultura dos pacientes de procurarem diretamente o PA em detrimento das UBSs.

A ampliação dos horários de atendimentos nos postos de saúde dos bairros seria um diferencial importante para que o PA não ficasse superlotado. Outra necessidade seria um maior número de fichas diárias para atendimentos, pois como há uma limitação na capacidade de algumas UBSs, os pacientes preferem ir direto à unidade do bairro Botafogo, mesmo que precisem ficar horas esperando pela consulta médica.

A partir de medidas como estas, podemos pensar em exigir que a população não procure apenas um local para atender seus problemas de saúde. Claro que seria utópico sonhar que as filas de espera irão diminuir como um passe de mágica, mas é preciso fazer alguma coisa para mudar esta situação.

A partir de 2015, devemos ter o funcionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, quase ao mesmo tempo, o PA 24 Horas do bairro São Roque. Com estes dois empreendimentos, o poder público deve conseguir, pelo menos, reduzir em 50% o congestionamento e, de certa forma, também o tempo de espera por um médico. Também vale lembrar que em dois bairros (Santa Helena e São Roque) as UBSs tiveram o horário ampliado até às 22h. Nestes locais, ainda não são registradas filas ou longo tempo de espera. Talvez porque a população, em vez de procurar estas unidades de saúde, segue aguardando por um médico no PA 24 Horas. São os dois lados de um setor que sempre precisa de aprimoramento e investimento em profissionais e equipamentos. Se serve de consolo, estamos melhor atendidos do que a maioria dos municípios gaúchos. Talvez não melhor, mas, com certeza, menos ruim.