A paz e a tranquilidade, que em outros tempos reinavam soberanas em cidades médias e pequenas, aparentemente deixaram de ser um privilégio em Bento Gonçalves. Os delitos, dos mais simples aos mais midiáticos, estão se tornando comuns no cotidiano da cidade. Muitas pessoas que, por merecimento, rumaram para o litoral neste verão, tiveram suas residências arrombadas e furtadas. Uma péssima maneira para começar este ano. Este tipo de ocorrência, de acordo com os dados da Brigada Militar, foi a que mais registrou aumento na comparação entre o início de 2013 e 2014, passando de 30 para 52. É importante ressaltar que ainda estamos na metade de março e, provavelmente, estes números deverão aumentar.

O furto de veículo, de acordo com os registros da BM, também teve um aumento substancial comparando o ano passado em relação a 2014. Em 2013, janeiro, fevereiro e março somaram 44 furtos. Até o momento, sem esquecer que ainda estamos no dia 15, foram contabilizados 52. Infelizmente os homicídios também ganharam os holofotes neste começo de ano, afinal, como esquecer que, somente no mês de março, Bento registrou quatro casos, totalizando cinco desde o início de 2014.

Diante de números que preocupam, sem dúvida, qualquer cidadão de bem, que paga seus impostos e, espera do governo receber educação, saúde e segurança, surgem os questionamentos: “o que está errado?”. Com certeza há uma ruptura nessa cadeia que, por honestidade, espera-se que forme cidadãos honestos para nossa sociedade. Entretanto, é preciso reconhecer que essas falhas são antigas, tão ou mais quanto a invenção da própria roda e, não será de maneira imediatista que tudo será solucionado.

Mas, e a segurança? Alguém sabe, alguém viu? Em tempos de vagas magras no Piratini, os soldados da Brigada Militar, dependendo da sua categoria, podem receber cerca de R$ 500 de salário básico. Essas são mesmas pessoas que saem de casa todos os dias, arriscando suas vidas sem saber se retornam ao lar no final de cada dia. Portanto, não seria exagero conceder a cada militar do Rio Grande do Sul, ao final de cada expediente, uma medalha de honra ao mérito do compromisso, honestidade e dedicação por, naquele dia, ter capturado um traficante, um assaltante, ter apreendido drogas, salvado uma mulher com risco de ser violentada pelo companheiro ou mil outras ações, de maior ou menor importância para alguns, mas que deveria ser da mais alta honraria para uma sociedade que cobra cada vez mais o policiamento nas ruas, mas não repara quando o noticiário informa a morte de um policial que estava no cumprimento de seu dever.

Fica a sugestão para antes de questionar a demora da chegada da viatura, pensar onde e de que maneira estavam se arriscando e, se naquele dia, aqueles profissionais chegarão em casa para reencontrar suas famílias e, no dia seguinte, terão a mesma disposição para recomeçar tudo outra vez, mais um dia de dedicação, comprometimento e, acima de tudo, vontade de manter tudo na mais perfeita ordem, sem pensar no contracheque desordeiro no final do mês.