Eram mais de 230 jovens que tinha uma vida inteira pela frente. Acadêmicos que possuiam sonhos, que foram interrompidos por conta de uma tragédia que poderia ser, facilmente, evitada.

O risco de uma tragédia deste âmbito se repetir é alto em um país onde as casas noturnas conseguem funcionar com o alvará vencido e sem uma saída de emergência e um sistema anti-incêndio. O país está em luto e revoltado com a situação de descaso por parte dos proprietários da boate Kiss, em Santa Maria, onde no último domingo, 27, mais de 230 pessoas perderam a vida. Torna-se inadmissível o fato dos proprietários da casa, permitirem a presença de quase 1500 pessoas em seu interior, sendo que a capacidade da mesma era de 691 pessoas. A mesma só possuía uma entrada, a qual era utilizada como a única saída.

Lamenta-se o fato de ocorrer uma tragédia de tamanha proporção para, depois disso, nossos governantes resolverem se preocupar com estes casos depois do ocorrido. As boates sem fiscalização, com o mínimo de segurança, sem sistemas contra incêndio e com profissionais despreparados para tais situações sempre existiu em nosso país. É tempo de haver a consciência da humanidade em se preocupar mais com o mundo em que se vive, e menos com o umbigo, trazendo Deus às suas vidas, e valorizando aquilo que temos de melhor, que é a vida, o amor, o carinho, a amizade e o respeito com as pessoas. Mas isto parece estar esquecido por boa parte da humanidade, que prefere pensar no lucro e na moeda mais do que na natureza humana. São atitudes como esta que resultam em tragédia como a ocorrida na boate Kiss. Afinal, qual seria a justificativa, senão a financeira, para a direção de uma casa noturna não coibir a entrada de mais de 50% do limite permitido? Não podemos dar credibilidade a um estabelecimento sem saídas de emergência, sem sinalizações e treinamentos de seus funcionários e que ainda não se importava que o alvará venceu há cinco meses e que as câmeras de segurança estavam desligadas há quase 100 dias. As janelas emperradas, que poderiam ter salvo mais vidas, também demonstram que o local era um labirinto irregular, colocando as pessoas em risco e com a dificuldade de achar a saída para a salvação.  Lamentamos e oramos pela tragédia destas mais de 230 famílias que perderam filhos, netos, primos, sobrinhos, tios, afilhados, amigos, colegas, vizinhos, namorados, noivos, maridos e esposas. Não temos a consciência da dor de perder um ente querido em uma situação lamentável conforme ocorreu na boate Kiss. Porém temos a consciência do fato de permanecemos indignados com a irresponsabilidade de algumas pessoas, que geram catástrofes como esta ocorrida no “Coração de Rio Grande”. É dada a hora de nos darmos aos mãos e orarmos por aqueles que já não estão aqui conosco. Como diz a música da banda irlandesa U2 (Sunday, Bloody Sunday) “Não posso acreditar nas notícias de hoje. Não posso fechar os olhos e fazê-las desaparecer. Quanto tempo, quanto tempo teremos de cantar esta canção?