Dizer que todo político é ladrão (corrupto) é como afirmar que todo ladrão é político. Existe político decente, gente séria, pessoas em quem se pode confiar. Ladrão bom, este não existe.
A questão está no cálculo da proporção dos políticos que são ladrões. Os que estão no exercício da política e primam pela desonestidade, em nome de uma impunidade que envergonha o Brasil no mundo, só estão na política porque aproveitaram a oportunidade que um cidadão correto desperdiçou.
A mesma coisa é com ladrão: normalmente rouba pela oportunidade que se lhes apresenta. Se a coisa está difícil, ele vai procurar um lugar mais fácil para roubar pois a profissão de ladrão é própria de vagabundo, que não gosta de passar trabalho.
O problema é que a lei que coloca ladrão na cadeia é feita pelos políticos que, via de regra, não vão para a cadeia. Também é da competência política a destinação de verbas para a construção de presídios e, é obvio, ninguém vai construir presídio para si mesmo.
Os presídios estão cheios e são escolas do crime que a sociedade brasileira sustenta pensando ser lugar de recuperação. Quem entra lá por ser portador de algumas gramas de cocaína quando sai já está aliciado pelas organizações criminosas. Ao invés de um cidadão recuperado criou-se mais um braço do crime organizado.
A solução deste impasse também passa pelos políticos: mais verbas para a educação, mais verbas para que todos tenham um lugar decente para morar onde possam criar filhos e ter famílias, mais exemplo de decência para os jovens se espelharem.
A Lava Jato não vai se sustentar por falta de apoio político. Creio que a proporção de políticos decentes não será suficiente para que se restabeleça a ordem neste Brasil que tanto precisa de progresso.
Bendito foi o tempo em que com meus amigos podíamos brincar de esconde-esconde até as dez da noite ali na Rua Saldanha Marinho sem que os pais se preocupassem. As portas de nossos lares ficavam abertas para que pudéssemos entrar e a maior parte das casas só tinha cerca para que as galinhas “ciscadeiras” não fugissem do pátio. Foi assim, soltos de pata, que fomos criados.
Hoje as crianças ficam em casa, com cerca alta e chave na porta.