Na minha época de guri era comum as famílias terem galinheiro em casa. Lembro que nas casas de Bento Gonçalves o galinheiro repartia lugar com a horta e algumas árvores de fruta: figueira, parreira, caqueiro, pereira e pé de romã era o que mais existia. Noutras casas frutas de inverno: laranja, lima, limão e bergamotas.

Haviam poucos cachorros. Para o pessoal da época, especialistas em comer “soborô”, “restè dontè”, não havia comida para sustentar tais animais. Quanto muito um gato, um canário na gaiola e olha lá. Não se comercializava ração para estes animais de estimação.

Agora é comum ver pessoas passeando com cachorros, muito mais do que passeando com seus filhos pois neste segundo caso ocorre mais com os passeios de automóvel. Tudo bem: é outra época!
A questão é: O GALO E O CACHORRO.

Na época dos galinheiros, pouco antes de o sol raiar, cada galo fazia o despertar da vizinhança. Era um cocoricó em sintonia com a natureza. Volta e meia silenciava algum galinheiro pois galo velho também ia para a panela, num saboroso caldo de sopa.

Hoje o cocoricó dos galos é coisa rara. Do bairro Maria Goreti ouço um ou outro lá do bairro Humaitá. Não sei como anda a periferia mas galinheiro em residências já é coisa do passado.

O que enche os ares é o latido da cachorrada. Eles não tem hora e os que latem à noite passam muito tempo entoando sempre a mesma canção. Chega a enjoar.

Fico imaginando: será que esqueceram do pobre bichinho em casa e ninguém lhe dá a devida atenção?; será que ele está passando frio ou outra necessidade?; será que o cachorro quer avisar seu dono que tem ladrão pulando a cerca?; será que “choram” de fome?

Enquanto a imaginação vai e volta o sono não vem e passo horas aguardando o despertador que agora substituiu o galo.

Dia destes ouvi os sinos do Santuário Santo Antônio batendo as seis horas da matina. A “música” era mais ou menos assim: DONG, AU, AU, AUUUUU, DONG, AU, AU, DONG, DONG, AU, AU …Logo depois o despertador emendou: RRRIIIIIIIING.

Pessoal: ajudem os cachorros a dormir. O Paulo ficará agradecido.